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Sessão de 13 de Maio de 1921

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judicara o país, não efectivando esses contratos, quando eu era o único talvez sem razão, que os defendia.

Isto não significa que os meus colegas, levados por outro critério, não defendes-stm também os interesses do país, não efectivando esses contratos.

Neste Conselho, depois de largas explicações entre mim e os Srs. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças, tendo-se em atenção as necessidades imediatas do consumo público, entendeu-se que eu adquirisse só os carregamentos indispensáveis para as satisfazer.

Ainda bem que não cheguei a decidir--me por nenhum carregamento, porque agora já estaria sob a fácil suspeição de que estivera feito com o respectivo fornecedor, e muito possivelmente seria chamado a justificar-me.

Neste país, o Ministro é sempre a vítima dos interesses das quadrilhas, quando não hesita em feri-los, para bem servir o Estado, e o país, depois de servido, facilmente esquece quem por ele se preocupou e esfrega-se de contentamento quando surgem estas campanhas de moralidade animadas por aqueles cujos interesses o Ministro teve de reprimir. (Apoiados}.

E, porque não estava disposto a decidir-me por um dos carregamentos, à minha escolha, e porque o assunto me estava aborrecendo deveras, resolvi-me a deixar o Governo, e encontrando o Sr. Mesquita Carvalho, confessei-lhe o meu propósito. S. Ex.a respondeu-me que isso não podia ser, e foi procurar o Sr. Presidente do Ministério, o qual, depois duma conferência no Ministério das Finanças, a que assistiu o Sr. Cunha Leal," apresentou-me a solução, que eu aceitei, de sub-rneter-me ao parecer da Procuradoria Geral da Eepública. Assim se evitou a crise ministerial.

Imediatamente deu-se pressa na resolução da questão, remetendo os contratos, ern 31 de Dezembro, para esta entidade, que deu o seu parecer no mesmo dia.

O Sr. António Granjo:—Também foram pára o Conselho Superior de Finanças.

O Orador : — Assim pensou o Sr. Presidente do Ministério, mas, em consequência dumas explicações dadas pelo

Sr. José Barbosa, julgou-se incompetente este tribunal para tal assunto.

Sabendo os interessados que o parecer fora favorável, começaram novamente aparecendo no meu gabinete, e eu liini-tei-ine a conversar com eles sobre a melhoria do preço e facilitar o pagamento, mas sem tomar compromissos.

Sucedeu, porém, que houve uma reunião dos leaders parlamentares, à saída da qual o Sr. Presidente do Ministério disse-me: «Você anda a quebrar lanças pelos contratos e o António Granjo declarou que se fosse Ministro os não cumpriria, por não os reputar perfeitos».

O Sr. António Granjo (interrompendo}'.—• Afirmo ter declarado que se os superiores interesses do Estado assim o exigissem, não efectivaria tais contratos, mas só neste caso.

O Orador:—Em resposta, pedi ao Sr. Liberato Pinto, que me mandasse um ofício com as declarações do Sr. António Granjo, pois, desde que ele assim falava sobre os contratos cujo aceite era do tempo em que ele fora Ministro da Agricultura, entendia que devia suspender as minhas negociações, o que fiz. Quando os delegados das casas fornecedoras voltaram a insistir sobre a aquisição dos seus carregamentos, declarei que eu não estava habilitado a continuar nas minhas conversas sem ouvir novamente o Conselho de Ministros, o qual não chegou a reali-zar-so por motivo da crise que sobreveio com a saída do Sr. Júlio Martins.

O Sr. Liberato Pinto: —- V. Ex.a dá-me licença?

O Conselho de Ministros mesmo tinha resolvido, claramente, que, sendo um dos contratos para o trigo a 600 e tal xelins, e tendo o preço do mercado descido para cerca de 400, o Conselho de Ministros não tomava a responsabilidade de manter esses contratos.

O Orador:: — Ainda bem que V. Ex.a o diz, pois a campanha contra mim resulta dessa resolução, que supõem ou lhes convém supor da minha responsabilidade.