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Diário da Câmara dos

direitp a comer à custa do Estado, continua a figurar com esses milhares de contos.

O Sr. relator propõe 30:000 contos e não sei a razão que S. Ex.a teve para propor que se cortasse.

£ Que pretende fazer com o resto ?

£É S. Ex.a partidário do comércio com restrições ?

Eu tive a honra de propor nesta Câmara, há quási dois anos, que o Estado não perdesse mais dinheiro com o pão, e que se fizesse o mesmo que tinha leito a França com os indigentes, abrindo-se uma conta especial, de forma a que eles pagassem o pão pelo mesmo preço por que o Estado o pagava.

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Parque estamos todos com uma cobardia moral que nos envergonha.

O Sr. Nunes Loureiro : — Todos não!...

O Orador: — Até hoje todos, porque a única voz que aqui se levantou a esse respeito foi a minha, e até fui alcunhado pelos meus colegas de ave agoureira.

Sr. Presidente: neste momento a crise económica não pode ser de maneira nenhuma resolvida com o favoritismo.

Nós não podemos continuar a pagar o trigo nacional por um preço e o trigo exótico por outro, nem podemos continuar a vexar todos aqueles que produzem, porquanto a seguirmos nessa política, mais afastamos da produção aqueles que a podem aumentar.

Eu queixei-me ao Sr. Presidente do Ministério, que então desempenhava as funções de Ministro da Agricultura, da forma como se vexava por esse Alentejo fora com requisições.

S. Ex.a disse-me que ia mandar fazer um inquérito, mas o que é facto é que, vai já passado muito tempo, as requisições fizeram-se e os vexames também, e razão tinha eu quando disse que, quando chegasse o remédio, já era tarde.

Requisita-se tudo pelo preço da tabela e vai-se depois vender muito mais caro.

Essa política económica que se tem seguido está produzindo os seus efeitos, e cada vez eles serão mais desagradáveis, porquanto ,1& este &no as sementeiras fo-

ram pequenas, e, a seguir-se o mesmo caminho, cada vez serão menores.

Ainda podemos remediar alguma cousa, mas em vez de reduzirmos pá rã 30:000 contos, como propõe o relator da comissão, tenhamos a coragem de cortar tudo, e de estabelecer o comércio livre, porque é a única forma de as cousas virem ao ponto natural.

No primeiro momento poderá haver um agravamento, porque hão-de aparecer os espíritos que nesta terra procuram enganar os outros, mas automaticamente o equilíbrio estabelecer-se há."

Em todas as épocas da história, em que os Governos tom pretendido resolver estas crises, os resultados obtidos têm sido os mesmos.

V. Ex.a sabe que em França, no tempo do Napoleão, se chpgou a decretar a pena de morto para aqueles que sequestrassem artigos de primeira necessidade; não sei se chegaram a matar alguém, mas o que é facto é que os artigos não baratearam, sem que fosse estabelecido o liv;:e comércio.

Entre nós o fenómeno está bem patente, repete-se cada vez que se lembram do pôr os géneros em tabelamento.

Os géneros, realmente, desaparecem e tornam-se mais caros. ^.E porventura o tabelamento tem correspondido a alguma melhoria para o povo? Eu ainda não vi que isso se desse.

Poder-me hão dizer que o livre comércio trará muitos abusos; seguraraente que os há-de trazer, mas também trará a concorrência. E é preciso não nos asquccer-mos de que o pavor que nós tínhamos antigamente da elevação dos salários já não deve existir.

Realmente, o ano passado quando se votou a tabela do trigo a $36, só alguns puritanos entregaram o trigo a esse preço, porque mesmo os agentes do Governo apareceram pelas províncias a comprá-lo mais caro.

Não; esse salário tornou-se logo de acordo com o preço que a livre oferta tinha oferecido para o cereal.