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Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Presidente: — Como nenhum Sr. Deputado pede a palavra, eu interrompo a sessão ato estar presente o Sr. Presidente do Ministério.

Está interrompida a sessão.

Eram 22 horas e 40 minutos.

Reabertura da sessão, às 23 horas e 20 minutos.

O Sr. Presidente:—Está roaberta a sessão.

Tem a palavra o Sr. Jorge Nunes.

O Sr. Jorge Nunes:—Sr. Presidente: antes de começar as minhas breves con> siderações, cumpre-me agradecer ao Sr. Presidente do Ministério a sua presença, porquanto foi por não se acharem nesta Câmara, quer S. Ex.a, quer o Sr. Ministro da Agricultura, que eu propus a suspensão da sessão.

Como o Sr. Presidente do Ministério está presente' e não o Sr. Ministro da Agricultura, principio por preguntar a S. Ex.a se tem algum fundamento a notícia publicada pelo Século, edição da noite, e só S. Ex.a se encontra nesta casa na condição de Presidente do Ministério, respondendo, portanto, sobre a política geral do Gabinete, ou se S. Ex.a está apenas para forçadamente substituir o Sr. Ministro da Agricultura.

Antes de vir para a sessão, eu tive ocasião de ler O Século edição da noite, no qual se diz que o Sr. Portugal Durão se exonerou.

Pregunto, portanto, ao Sr. Presidente do Ministério, se, de facto, tem fundamento a notícia que acabo de ler, pois que, consoante a sua resposta, assim eu orientarei as minhas considerações.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Bernardino Machado): — Sr. Presidente: eu não posso responder bem à pregunta do ilustre Deputado e meu amigo, Sr. Jorge Nunes.

Por motivo de negócios públicos, eu não tive hoje ocasião de me encontrar com o Sr. Ministro da Agricultura.

Não sei, pois, qual a disposição em que S. Ex.a se encontra; o que sei é a minha.

Sr. Presidente: o Sr. Portugal Durão é uma pessoa que se torna para todos uma grande esperança.

Quando S. Ex.a veio para as bancadas ministeriais, todos vimos nele alguém que era capaz de arcar com os grandes problemas das subsistências, que são os mais importantes que actualmente impendem sobre os homens públicos. - Se S. Ex.a deixasse o seu posto, estou convencido de que não só eu, mas toda a Câmara, o havia de lamentar profundamente.

Trata-se, efectivamente, de alguém que não sendo propriamente da rossa sociedade política, veio para ela, encontrando em todos nós, que somos antigos políticos, as maiores dedicações, sobretudo naqueles quo eram seus companheiros no Gro verão.

Eu estou certo de que S. Ex.a, e esse é o meu desejo, voltará a ocupar o seu posto.

Não pude acompanhar de perto esta discussão, mas vi que o Sr. Ministro das Finanças levantou o pendão da redução das despesas, o que é honrosíssimo para S. Ex.a e para todos aqueles que gerem os negócios das finanças, sobretudo no momento gravo que atravessamos.

Não 6 de estranhar que haja estes conflitos, estas simples divergências por o Ministro das Finanças querer reduzir as despesas, numa palavra fazer economia, ao mesmo tempo querer desenvolver o fomento material e intelectual.

Eu pregunto a V. Ex.a: este conflito não é honroso para todos?

Os jornais é que falam 'em crise, mas crise não pode haver.

No lance tam grave que atravessamos como este, não ó pelo facto de dois Ministros não'estarem de acordo, e por uma questão de zelo é que não estão de acordo, é que há-do abrir-se crise?

Eles têm de ficar no seu lugar para bem servirem a Nação.

Esto conflito é para todos honroso, e isto vem do se ir buscar para a vida pública quem não tem ainda a sensibilidade embotada como todos nós que andamos na política.

E preciso dizer-lhe: não, esteja à sua vontade, continue a trabalhar, porque estamos certos de que efectivamente é o homem escolhido para resolver os graves problemas dos abastecimentos ; venha para entre nós.