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Sessão de 11 de Dezembro de 1922

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O Sr. Álvaro de Castro: — Sr. Presidente: cumpro gostosamente o dever do agradecer as palavras de louvor dirigidas ao Bloco Parlamentar Kepublicano que eu hoje tive a honra de apresentar à Câmara.

S. Ex.a o. Sr. João Camoosas disse bem que ele era. gonstituído por velhos republicanos que sempre têm honrado a República (Apoiados] e que ainda hoje respeitam e não repudiam o velho programa de 1891, e que a ele sempre estão fiéis, com as modificações que a sciência da vida social tem aconselhado.

As palavras de S. Ex.a são inteiramente justas e absolutamente cabidas, porque representam o reconhecimento da fé republicana dos homens que compõem o bloco parlamentar.

;Mas quanto essas palavras são desar-mónicas com as palavras que se lhes seguem!

j Quanto elas são injustas para com o próprio Sr. João Camoosas!

Só agora tive conhecimento de que a moção publicada-nos jornais era da autoria de S. Ex.a

Pois o Sr. João Camoesas ainda nesta hora vem afirmar à Câmara que não tem de retirar nenhuma das palavras contidas nessa moção.

Muito bem; eu não retirarei, também, uma única das palavras que pronunciei. Elas são absulutamente indispensáveis. (Apoiados).

^ Com que autoridade e com que elementos pode o Sr. João Camoesas afirmar que houve conluios para a eleição do Presidente dosta Câmara?

Pode S. Ex.a sustentar que nas urnas entraram votos'de diferentes agrupamentos partidários; isso não deslustra ninguém.

O que S. Ex.a não pode afirmar com verdade é que houve conluios. (Muitos apoiados).

As palavBas do Sr. João Camoesas, ao fazer uma tal afirmação, enxovalham muito mais o próprio Sr. João Camoesas do que os Deputados que constituem o bloco parlamentar republicano. (Muitos apoiados).

Fiel ainda agora aos princípios de todos os republicanos, tendo concorrido tanto por palavras, como por factos, para que a união de todos os -republicanos seja cada vez mais íntima, eu calarei as ra-

zões profundas, as máguas fortíssimas que no meu coração sinto pulsar contra a atitude daqueles que em horas bem mais difíceis, em momentos bem mais característicos, se serviram dos votos dos monárquicos para esmagar os votos dos republicanos. (Muitos apoiados).

A quando da eleição para presidente desta Câmara, nós concorrendo com os votos daqueles que quiserem votar co-nosco, elegemos um republicano, ao passo que contra nós republicanos se uniram a monárquicos simplesmente para excluírem os republicanos das cadeiras municipais e até para darem a presidência duma Câmara a uni monárquico, a um autêntico trauliteiro. (Muitos apoiados).

Calemo-nos, porém, visto que é necessário calar, mas que se calem, também, aqueles que devem ter todo o interesse em estar calados. (Muitos apoiados).

Sr. Presidente: ficaria mal com a mi-nlia consciência de republicano e de homem justo se não afirmasse que nesta Câmara e nas votações a' que ela procede, eu não distingo votos.

As leis são leis, quaisquer que sejam os votos e a cor política de quem os lança na urna.

jHá, Sr. Presidente, uma massa de portugueses que não são republicanos, mas, nem por isso deixam de ser portugueses!

Este assunto não vinha para, o caso; termino dizendo que as afirmações do Sr. João Camoesas o Parlamento as jul--gará, porque o País julgará a nós todos.

Disse.

O discurso será publicado na integra,, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Carvalho da Silva:—.Sr. Presidente : não tinha eu tenção de usar da palavra na sessão de hoje depois de o ter feito em nome deste lado da Câmara o seu ilustre leader Sr. conselheiro Aires de Orneias, todavia como se suscitou a questão da eleição da Mesa desta Câmara, eu quero laúçar o meu protesto contra uma doutrina que lá de fora parece pretende ter foros de legalidade dentro rdo Parlamento.