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Diário da Câmara aos Deputad®?

O Sr. Carvalho da Silva (para interrogar a Mesa): — Sr. Presidente: peço a V. Ex.a a fineza de ine informar se o ar. Presidente do Ministério está no edifício do Congresso, pois sendo S. Ex.a responsável pela política do último Ministério, creio que devo seguir esta discussão.

Vozes : — Ora, ora !

O Sr. Malheiro Reiiuão : — Sr. Pm i; dente: sendo a primeira vez que uso da palavra nesta sessão legislativa, eu cumpro o agradabilíssimo dever de apresentar a V. Ex.a e à Câmara as minhas sinceras saudações.

Sr. Presidente: quando eu estava ausente do País foi aqui lido um relatório do Sr. Lisboa de Lima em que me eram feitas bastas referências, tendo o Sr. Vasco Borges ainda hoje feito alusões à minha pessoa, motivo por que sou chamado a dizer alguma cousa da minha justiça.

Em primeiro lugar devo explicar à Câmara que à minha saída do llio de Janeiro ignorava absolutamente a existência desse relatório, tendo sempre recebido do Sr. Lisboa de Lima as mais amáveis distinções, inclusivamente a de ter-me acompanhado ao navio que me trouxe para Portugal, e abraçando-rne à despedida.

Sr. Presidente: não pretendo de forma alguma com as minhas declarações aqui fugir às responsabilidades do inquérito, mas simplesmente expor à Câmara como os factos se passaram e pedir-lhe que se abstenha, até ao resultado da sindicância, de fazer quaisquer juízos a meu respeito.

O Sr. Lisboa de Lirna mandou ao Sr. Lima Bastos, então Ministro do Comércio, um relatório confidencial. . E a começo por citar um facto de pequena importância, mas que serve, em todo1 o caso, para a Câmara fazer uma •idea do que é esse relatório.

No dia 21 de Agosto recebi um telegrama do Sr. Lisboa de Lima em que me dizia:

a Pedro Nunes deve aguardar minha chegada possível utilizar para transportar algum pessoal que for comigo».

Conclui-se daqui que o Sr. comissário, quando diz que contra as ordens dele se admirou de ver o Pedro Nanes no Rio do Janeiro,, mente, desculpem-me a rudeza

da palavra, e levava pessoal que já sabia lhe não era preciso.

Sr. Presidente: este relatório é muito volumoso e eu cansaria a Câmara rebatendo urna por uma as afirmações que nele só contem.

Vou, por isso, historiando os factos e implicitamente rebatendo o que no relatório se diz.

Sr. Presidente: eu fui para o llio de Janeiro para resolver vários problemas que se apresentavam, entre os quais a construção dos pavilhões, e para tratar de t(.dos os assuntos respei.a.ntes ao Comissariado, fazendo a ligação com as au tqridades brasileiras.

Levava ordens para fazer aceitar sem alterações os projectos dos pavilhões que à minha saída iam ser começados a executar.

Esta determinação foi a causa primacial do todos os nossos desastres e faltas de êxito.

Em dois locais nos destinavam terreno para a construção dos pavilhões. Na futura Avenida das Nações o pavilhão do honra o na Praça Mauá o pavilhão das indústrias.

No primeiro local era onde desde logo só poderia calcular que estaria todo o interesse futuro da exposição.

Na Praça Mauá em que se deviam fazer as instalações do pavilhão de indústrias, era diiícil o trabalho das fundações, tendo de alcançar-se a profundidade' mínima de 18 metros, metendo ostacaria.

Tínhamos, pois, toda a vantagem em fazer o segundo pavilhão na Avenida das Nações porque ali não só a montagem saía mais barata, como se ficaria em sítio muito mais concorrido.

Se me tivesse sido permitido pelo Sr. comissário alterar os projectos em harmonia com a natureza do terreno, naturalmente faríamos o que fez a Itália que se contentou com um pavilhão, embora lhe tivesse sido concedido terreno para a construção de dois pavilhões.

Seria isto uma importantíssima economia e de uma grande facilidade de execução.