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Diário da Câmara dos Deputados

ro, como nunca tive os projectos completos nem pude empregar todo o pessoal metalúrgico que foi no Pedro Nunes.

Quando da chegada do Pedro Nunes ao Eio o Sr. Cabral, que depois soube que era maquinista naval, apresentou-se-me como encarregado pelo Sr. Lisboa de Lima da construção em ferro.

Levava para a construçãa pessoal das fábricas que tinham feito os pavilhões em ferro. Diz o Sr. Comissário que fui eu quem indisciplinou esse pessoal.

Logo a bordo, antes de desembarcarem, me foi apresentada uma reclamação que no dia seguinte no local do pavilhão me foi imposta por todo o pessoal operário.

E era a exigência de lhes serem abonadas duas horas extraordinárias sem trabalhar, senão que fariam greve. Compreende-se o que seria de desairoso uma greve do pessoal que acabava de desembarcar e isto a 27 dias da abertura da Exposição. Transigi.

Mas não fui eu quem os indisciplinou.

Iam nesta bonita disposição.

Havia mais uma exigência: que as casas em Lisboa não tivessem percentagem sobre os vencimentos que o pessoal lá recebia.

A isso respondi que nada tinha, pois eram disposições de contratos em que não podia intervir, mas compreendi que nas exigências de vencimentos quê fizeram eram secundados separadamente pelas respectivas casas, pois .quanto maiores fossem os vencimentos maior seria a respectiva percentagem.

A montagem dos pavilhões devia por contrato ser feita pelas casas construtoras que para isso enviariam pessoal competente.

A responsabilidade de execução desse serviço cabia-lhes, tanto que descontavam nos pagamentos uma percentagem para garantia dessa completa execução.

Três ou quatro dias depois de começar a montagem, vi-me forçado a intervir porque o trabalho era feito em condições que me pareciam defeituosas, além da morosidade com que esses trabalhos caminhavam, i

O resultado da minha intervenção foi o Sr. Cabral dizer-me que eu não tinha poder para intervir na montagem, visto que pelos contratos pertencia às fábricas; que mesmo não o devia fazer porque se o

fizesse podia ter a certeza de que a greve de que fui ameaçado se efectivaria então.

Novamente transigi!

Insisto neste ponto: que a responsabilidade de montagem era das fábricas, e só delas.

Na segunda quinzena de Agosto recebi do Sr. Comissário um telegrama em que me dizia que dispensasse o pessoal técnico que por economia visse podia dispensar. Respondi com um telegrama em que dizia: «.economia facilidade serviço garantia de execução dispensaria todo pessoal excepto contabilidade'».

Razão tinha eu em não me conformar com a execução.

Dias depois, quando montavam o terceiro montante, este caiu arrastando na sua queda a empena já levantada. Ao todo caíram três montantes devendo aqui declarar que o desastre a que tanto se têm referido não tinha a importância que se imaginava.

Mas sem importância ou com ela, tratava-se de um desastre ocorrido por montagem defeituosa, como se prova pelo inquérito da polícia brasileira e pela vistoria mandada fazer pela prefeitura. Como pelos contratos essa montagem é da responsabilidade das fábricas, a tilas e a mais ninguém deve ser exigida essa resposabi-lidade.

Posteriormente ao desastre intimei o Sr. Cabral a que dirigisse a montagem como eu dissesse e sem querer saber das fábricas.

Assim se fez e nunca mais caiu.

Vou agora expor à Câmara o que se passou com as contas da casa Terra:

Quando chegou o Sr. Lisboa de Lima ao Rio, havia por pagar três facturas na importância aproximada de 400 contos brasileiros, e referentes a trabalhos feitos nos meses de Julho, Agosto e Setembro. O Sr. Lisboa de Lima chegou no fim deste mês e as'facturas foram apresentadas a primeira nos primeiros dias de Agosto, a segunda nas vésperas da chegada do Sr. Comissário e, finalmente, a terceira depois já da chegada deste senhor.