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Diário da Câmara dos Deputados

o Sr. Lisboa de Lima que de se entrega-Tem os Serviços da Exposição a mãos inábeis poderá resultar o seu fracasso. •Essas mãos inábeis devem provavelmente ser as do Sr. Kicardo Severo, as do ilustre português que' convidei para substituir o Sr. Lisboa de' Lima no desempenho das suas funções e com cuja relutância, em anuir tive de lutar, talvez por já se ter oferecido ao Governo Português gratuitamente e não haverem utilizado, indo afinal dirigir os trabalhos do pavilhão da Bélgica.

" Razões tinha, agora, S. Ex.a para não aceitar; felizmente não foi em vão que apelei para o seu patriotismo.

Toda a gente sabe que o Sr. Kicardo

Severo é efectivamente uma garantia para

o nome português, pois pode com justiça

considerar-se uma alta mentalidade da

"raça portuguesa.

jS. Ex.a ó alguém que pelo seu esfôrç.D 'e qualidades de trabalho conseguiu im-por-se à consideração de portugueses e brasileiros na terra em que vive!

; Oh! Sr. Presidente, como é singular que o Sr. Lisboa de Lima pense que possa haver mãos mais inábeis do que as suas!

No emtanto, por amabilidade do actual Ministro do Comércio, pude ter conheci-. mento dos propósitos do Sr. Lisboa de Lima; S. Ex.a parece efectivamente propor-se continuar ainda no Rio de Janeiro.

Estou certo de que o actual Ministro do Comércio não sancionará tal propósito " e que o Sr. Lisboa de Lima virá a Lisboa prestar contas dos seus actos, não 'continuando à frente da exposição do Rio de Janeiro e a bater à porta dos portugueses, criando dívidas sem autorização e ' sem que ao menos se saiba como hãó-de pagar-se.

A acrescentar aos 1:500 contos já despendidos, há mais 1:000 contos levantados no Banco Nacional Ultramarino sob hipoteca dos pavilhões.

Talvez seja explorando um vago botequim que S. Ex.a conte alcançar o necessário para pagar tudo.

Pena é que os criados do botequim venham talvez a absorver toda a receita, pois não é crível que se disponham a servir de graça e estejam vivendo do ar! Disse há pouco que tinha insistido com

o Sr. Ricardo Severo para que aceitasse as funções de dirigir os serviços e trabalhos da Exposição.

Aceitou S. Ex.a finalmente, mas com as condições de que vou dar conhecimento à Câmara.

Trocam-se apartes durante a leitura do

documento.

i

O Orador : — Em resumo, se se somar tudo, chegamos à triste realidade de nos encontrarmos perante um cae.o semelhante ao dos Bairros Sociais.

Estão gastos quási 2:000 contos sem que tenhamos um pavilhão, aão se sabendo sequer quando o teremos.

Sr. Presidente: para concluir, vou mandar para a Mesa um projecto ie lei com que pretendo que os nossos interesses na Exposição do Rio de Janeiro venham a ser orientados em melhor rumo. Por ele ficará também o Governo habilitado a pagar as dívidas contraídas e a fazer continuar, como é mester, os trabalhos.

Eu nomeei, Sr. Presidente, para fazer a sindicância absolutamente necessária o Sr. Joaquim Pedroso ; tive, .porém, informações de que este «enhor, pelo seu feitio, sendo ele próprio o primei::o a reconhecê-lo, não tem qualidades para proceder a essa sindicância nem ta:m pouco, segundo informações que também tive, ele aceitaria o encargo.

No emtanto, como se torna absolutamente necessário saber-se o que lá houve e como não acho conveniente que se nomeie qualquer pessoa do Rio do Janeiro que pertença à nossa colónia, pois poderia isso trazer graves inconvenientes, ó por isso que desejo que o Governo fique autorizado a nomear uma pessoa competente que proceda ao inquérito.

Poder-me hão dizer: mais uma sindicância. Têni razão.

A verdade é que o que se tem passado em matéria de sindicâncias é um absoluto escândalo.

A'verdade é que muitas sindicâncias se têm feito até hoje sem que sindicado algum tenha sofrido as consequências dos seus actos.