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Diário da Câmara do* Deputados

é o Sr. Presidente do Ministério, pois não podo manter-se silencioso sobre esta questão, porque, se ficar calado, mostrará ao País que isto não tem defesa l

Tenho dito.

O orador não reviu.

O.. Sr. Joaquim Ribeiro: — Sr. Presidente: sinceramente o confesso, felicito o Sr. Vasco Borges por ter trazido à Câmara este assunto e faço esta declaração para mostrar (como são diferentes os processos republicanos dos processos monárquicos.

j Na monarquia um assunto destes não se trazia ao Parlamento!'

Trocam-se apartes.

O Orador:— Os monárquicos abafaram os escândalos, o regime republicano salienta-os para os escalpelar.

Podem as leis não ter elementos para castigar os culpados, podem estes escapar pelas malhas dessas leis, mas o que eu posso afirmar a V. Ex.a é que se, porventura, um desses criminosos for republicano, eu desejaria para ele pena dobrada à daquele que fosse monárquico!

Não falaria hoje, se o Sr. Malheiro Rei-mão não tivesse pedido a palavra para justificar os seus actos.

Das declarações de S. Ex.*, eu concluo que nada diria se não fosse exonerado pelo Sr. Lisboa de Lima.

«íPois S. Ex.a, que é um engenheiro distinto, não verificou que a construção dos pavilhões não era de molde a resistir por muito tempo?

^Não tinha S. Ex.*, como técnico, o direito de fiscalizar?

Oh l Sr. Presidente : eu tenho a impressão de que, se S. Ex.a não tivesse sido mandado embora pelo Sr. Lisboa de Lima, S. Ex.a não diria nada!

Toda a gente que chega do Rio de Janeiro diz que aquilo é qualquer cousa de extraordinário em esbanjamentos e má administração.

Este estado de cousas desprestigia o país no estrangeiro, e é impróprio da República, porque o nosso regime tem homens que, acima de tudo, o amam verdadeiramente, que em todos os casos por ele se batem e que estão sempre prontos a lutar pela honra do seu ideal e da sua Pátria. (Muitos apoiados).

Toda á Câmara sabe, como o país inteiro o não desconhece também, que os indivíduos que tam mal procedem não são republicanos; são criaturas que não pertencem a regime nenhum a que desconhecem mesmo o ideal da Pátria. (Muitos apoiados).

É necessário, portanto, que o Governo e o Parlamento tomem as medidas necessárias para que esses crimes sejam punidos, castigando-se não só os que andaram de má fé como aqueles que, pela sua incompetência, deixaram praticar as irre-gularidades. (Apoiados).

Sr. Presidente: a hora vai adiantada, e eu, não querendo tomar mais tempo à Câmara, vou terminar as minhas considerações, levantando mais uma vez o meu veemente protesto contra os factos que se passaram na malfadada Exposição do Rio de Janeiro.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Vozes: — Muito bem.

O Si*. Vasco Borges: — Sr. Presidente: uso novamente da palavra, obrigado a' isso por algumas considerações feitas pelo ilustre Deputado e meu amigo Sr. Jorge Nunes. '

Tendo-me acusado S. Ex.a de tibieza, em abono da verdade, devo declarar que nenhuma outra apreciação poderia causar-me mais surpresa, porque, com efeito, estou absolutamente convencido de que neste caso da Exposição do Rio de Janeiro se não tornaria possível proceder de forma mais decisiva.

Faço esta afirmação, não por espírito de vaidade ou de vanglória, mas porque creio que os factos estão de acordo com as minhas palavras.

Eu cheguei ao Ministério do Comércio no dia 27 de Setembro, e logo no dia seguinte, como num jornal de Lisboa aparecesse uma notícia em que se atribuíam ao comissário da Exposição no Rio de Janeiro determinadas palavras no sentido de afirmar que o pessoal quo ele levara lhe fora imposto pelo Governo, imediatamente lhe telegrafei, exigindo claras e categóricas explicações a tal respeito.