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Diário da Câmara dos Deputados

Vinha:a pedindo desde Junho.

Fui solicitado pelo Si» Lisboa de Lima para ficar e, se aguardei a chegada do Pedro Nunes, foi por um facto que passo a narrar à Câmara.

O Sr. Ministro dos Estrangeiros tinha mandado um telegrama dizendo que se conseguisse que, os operários que iam no Pedro Nunes desembarcassem sem passaporte.

Igualmente o Sr.'Comissário me telegrafou nesse sentido. O assunto estava porém entregue à Embaixada.

Passados alguns dias, o Embaixador informou que a concessão para os operários desembarcarem sem passaporte tinha sído recusada pelo Governo brasileiro.

E explico porque se recusava essa concessão.

Para o desembarque de operários exige-se entre outras- condições a declaração de que não são grevistas.

Quási nenhum operário português pelo menos de Lisboa e. Porto pode apresentar a declaração de que nunca foi grevista.

Dada a orientação dos trabalhos, era necessário e indispensável serem feitos pelo pessoal das próprias fábricas metalúrgicas.

Como disse, foi recusado o desembarque dos operários sem passaporte.

Era outra dificuldade que aparecia.

Há cousas, porém, que, se não conseguindo pelos governos, se conseguem por outros modos.

Às vezes é melhor sucedido um pedido oficioso.

Fui ter com o chefe da polícia que tem ali atribuições diferentes de entre nós, chegando a despachar com o Presidente da República, e expus-lhe a situação.

O chefe da polícia não fez dificuldade, apesar de ter recusado essa concessão à Itália e ao Japão, e só exigiu que en+re os operários a desembarcar não viesse nenhum que já tivesse sido expulso do Brasil alguma vez, comprometendo-me eu v a repatriar qualquer que aparecesse nessas condições.

Concordei com esta concessão e telegrafei para Lisboa a dizer o que havia. Como isso tinha sido recusado à Embaixada e se tratava de simples compromisso verbal tomado comigo, julguei indispensável a minha presença para o efectivar, como sucedeu na ocasião oportuna.

- Eis porque contrariado fiquei, mas con-sidcrado-me unicamente como delçgado do Comissariado e não como chefe de serviço de construção. E não julguem que se . tratava duma sinecura. Eram as vésperas da abertura da exposição, havia necessidade de colaborar intimamente com as autDiidados brasileiras e representantes estrangeiros. Foi a parte mais trabalhosa e em que mais se fez sentir a falta do Comissário.

De resto, V. Ex.as compreendem que eu me via obrigado a fazer a representação do Comissariado por ocasião das festas, para que se não dissesse que a sua não representação era uma fa.ta de cor-tezia pára com o Brasil.

Era indispensável esse facto, pois a Nação brasileira, carinhosamente festejada por todos os países, seguramente tomaria a nossa não representação como alguma cousa de despriinoroso.

Nestas condições, tive de lá ficar, apesar de já em Junho ter insistido pela minha demissão.

Não foi o Sr. Lisboa de Lima que me deu a demissão, fui eu que já a tinha pedido e que logo à chegada do mesmo senhor pus o meu regresso de forma a esse senhor não poder recusá-lo.

Mas hoje só estou arrependido.de não ter regressado logo em Junho, como queria, sem querer saber das coaseqúências que daí resultarianí quer para o Comissariado quer para a exposição.

A paga dessa boa vontade estou-a tendo.

Tenho dito.

O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: o incident,o que se está aqui debatendo neste momento ó (bem doloroso para todos os portugueses, e tam doloroso que não é necessário tirarmos fáceis efeitos pela circunstância d£le se ter passado na vigência da República para assim arranjarmos uma arma contra a mesma República.