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Diário da Câmara dos Deputados

preciso que mudemos devida e que aqueles que prevariquem tenham uma punição maior do que o simples insulto.

Eu acompanhei esta questão com o maior interesse, acompanhei a correcção com que ontem, um ilustre" iDeputado da minoria monárquica encarou este assunto, e como todos os outros Srs. Deputados o encararam, pois é uma questão que não interessa só a republicanos ou monárquicos; interessa a todo o País. (Apoiados}.

Não vamos julgar as consequências dôste acto;, devemos deixar para quem de direito o deve julgar, se há crimes praticados. Não ó o Governo que tem de. •os castigar.

Creio que a Câmara já deve estar convencida do que foi toda essa bandalheira que representa a nossa acção na Exposição do Rio de Janeiro: mas é o Governo, e em especial o Sr. Ministro do Comércio, que ,tem obrigação de proceder de forma a entregarem a questão a quem de direito, para que seja feito um inquérito rigoroso, sobre o ponto de vista moral e de competência, para depois, havendo que punir, se punir de forma que seja um exemplo, e para que na República não haja razão para que se chame ladrão a toda a gente.

Isso não poderá magoar os nossos sentimentos, porque nos outros países assim se procede.

Lembro-me que ainda há pouco em França se levantou uma suspeita contra Mr. Britilot, que era parente dum Ministro dos Negócios Estrangeiros naquele país.

O Parlamento tratou do caso, e depois n-ão se ocilpou mais do assunto, mas o conselho disciplinar condenou esse funcionário à disponibilidade durante dez anos.

Em Portugal passa-se o contrário; os crimes são a todas as horas, os sobressaltos a cada momento, mas os criminosos não são 'punidos.

O problema está posto, o a falta de competência tem de ser apreciada, para que o nosso nome não continue a sor arrastado pela lama.

Pretendo .o Sr. Vasco Borges, com o seu projecto, apresentar à Cfunara alguma cousa que concorra e interesse à nossa vida nacional, para salvaguardar o bom nom©5 e assim vem pedir os

elementos necessários para acabar essa obra que representa alguma cousa de dignificação e brio nacional.

E necessário que se justifique o pedido que se faz, porque se quere gastar mais 6:000 contos, quando as nossas finanças estão cada vez mais arruinadas.

Eu pregunto, e neste momento não apelo para monárquicos nem para republicanos, apelo para todos aqueles dos meus colegas que, como eu, sentem o verdadeiro amor à Pátria; eu pregunto se, de facto, perante o'descalabro produzido, devemos ou não terminar essa obra.

Eu penso que sim. Resta saber se a incompetência continuará a manifestar-se, se a falta de zelo continuará a produzir os .seus efeitos, quere dizer, se aqueles a quem vamos entregar a conclusão dessas obras não procederão de forma idêntica.

É o Sr. Ministro de Portugal no Brasil ,,que nos diz que, para honra nossa, devemos acabar o pavilhão: E necessário que alguém, seja quem for, tome o compromisso formal de acabar esse pavilhão antes que a Exposição termine1.

Que seja bem administrada a verba que vamos votar, e que se ultime essa obra.

A pessoa que vai de facto aplicar essa verba que a aplique a tempo, de forma a deminuir tanto quanto possível a nódoa máxima que hoje incide sobre nós.

Fica-nos depois o pagamento de dívidas; são dívidas do Estado, dívidas do País.

Quem. contraiu essas dívidas tem de assumir fatalmente, por honra sua, a responsabilidade da forma como as contraiu. Pague-se, por honra uossu, mas pague--se, e depois. Sr. Presidente, proceda-se a um inquérito rigoroso, feito por gente absolutamente competente, que inquira e indague 'de toda essa falta de zelo, de todas essas sccnas que nos envergonham, e nesse momento, sejam quais forem as pessoas, alta ou baixamente colocadas, que se encontrem envolvidas no assunto, é necessário que o Governo seja inexorável no castigo a aplicar, de forma que o Estado não seja roubado naquilo que é do todos nós.