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Sessão de 15 de Dezembro de 1922

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ciso qne o senhor queira, é preciso que eu o quoira também.

(Risos).

Sr. Presidente: se nós temos as nossas relações apenas suspensas, o que não quero dizer que dum momento para outro não achemos a solução que convenha às duas partes, eu pregunto se será este o momento de começar a dizer em público, que1 Moçambique está em perigo, que a União está armada, que da parte dela pode vir uma invasão para a província de Moçambique. -

Deixo este ponto à consciência da Câmara. Disse o Sr. Leote do Rego,' que era preciso que o Sr. Smuths, que de-yo declarar em todas as suas relações mostrou sempre não só aos nossos delegados corno ao Alto Comissário de Moçambique, que não havia da parte da União Sul-Africana qualquer idea reservada' sobre a província de Moçambique, mas simplesmente um jogo de interêsvses que ele desejava ver acautelados, disse o Sr. Leoto do Rego, que lhe parecia, e não sei se lhe parecerá sempre que a única forma da União provar que esses interesses estavam garantidos era a forma que S. Ex.a propunha, de termos a maioria na Administração dos Caminhos de Ferro do Porto, e acrescentava, se a União não tiver a segurança de que pelo porto de Lourenço Marques se pode fazer todo o tráfego da riqueza da União ou do Trans-vaal, então ver-se há forçada a ir escolher um ponto para construir um porto que lhe dê garantias.

Sr. Presidente: nem a União Sul-Africana nos pode tirar a zona de competência que geogràficaraente pertence ao porto de Lourenço Marques, nem Portugal também pode impedir que a União Sul Africana faça um ou dez portos, oude muito bem entender.

Eu pregunto se na União, onde se procura reduzir ao mínimo as taxas de caminhos de ferro, onde se tem a idea de que o caminho de ferro não é para dar lucros, mas simplesmente para favorecer o tráfego comercial, eu pregunto, dizia, se aí na União os homens práticos que têm os mais altos interesses ligados ao seu desenvolvimento entendem que, havendo um porto português que tem feito mil sacrifícios para servir esse tráfego da própria União, que diz estar pronta a fazer

ainda mais para que satisfaça inteiramente, será preferível abandonar, por assim dizer, todo esto favor português e ir meter-se num dispêndio de doze milhões de libras para ir construir um outro porto em qualquer parte, contrariando os interesses de um outro porto da própria União, se eles mesmo entendem que para servir esse porto seria necessário construir também linhas de desvio ou tráfego para o porto português?

Eu direi que isto não é de temer.

Quem zela os interesses da União são os próprios homens dessa região e nós trataremos de zelar os nossos.

Disse e repito, Sr. Presidente, que estando apenas suspensas as negociações e que não tendo motivo algum para entender que Moçambique está sob um periga iminente, relativamente à União, seria um erro incutir na opinião pública que a União se está a armar, dando a impressão de que é preciso que acudamos também à nossa província, com forças que, se fossem neste momento, como que indicariam que só destinavam a reprimir uma ofensa estrangeira.

Se bem ouvi, disse o Sr. Leote do Rego que era necessário que o Sr. Smuths dissesse primeiro que respeitava a soberania de Portugal e que só então deveríamos tratar das negociações.

Eu vim para aqui ignorando por completo o que se ia passar.

Sou camarada e amigo do ilustre Deputado Sr. Leote do Rego, mas como às vezes em política de certos meios se costuma dizer que estes debates são a fingir, que está tudo combinado, devo dizer que nada combinei, porque apesar de ser amigo e camarada do Sr. Leote do Rego, que viu Moçambique em perigo, S. Ex.a não foi ao Ministério das Colónias pregun-tar ao Ministro se havia cousa grave ou trocar com ele impressões que o habilitassem a trazer documentos com que pudesse demonstrar qualquer verdade que precisasse afirmar.

E no emtanto curioso, pois até parece que trazia a resposta para a observação de S. Ex.a

Nada constou ao Governo sobre ideas do Sr. Smuths de absorpção ou de íalta de consideração pela nossa soberania.