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Diário da Câmara dos Deputados

Não! Os documentos em questão eram documentos que, pelo menos, em parte, me pertenciam, porque definiam uma atitude e uma orientação que eu adoptara.

Por assim dizer, eram documentos integrados na minha própria personalidade política, em termos tais que, tendo eu de ass,umir responsabilidades ligadas a essa minha personalidade, pertoncia-me o direito de servir-me deles, sendo, de resto, absolutamente exacto que o respectivo relato de modo algum representa inconfidência.

Sr. Presidente: nesta questão há, no èmtantó, um aspecto que pod« talvez ser discutível e esse é o da oportunidade ou inoportunidade da respectiva leitura.

Com muitíssima mágoa eu vi que esse ponto de vista mereceu censuras e estranheza, que ainda mais me magoaram, muito embora elas não tivessem sido afirmadas nesta casa do Parlamento, mas sim num jornal de JLisboa, por terem partido dum meu correligionário e que ó um dos leaders do meu partido. Efectivamente, ao jornal Diário de Lisboa o Sr. José Domingues dos Santos, um dos leaders do meu partido, transmitiu pala-" vtas que contêm uma censura e uma observação que não têm razão de existir a uma atitude pouco correcta da minha parte que se me atribuíra. Eu creio que S. Ex.a não tem razão, e por isso, pondo já de parte a circunstância de se tratar dum dos leaders do meu partido, porque considero S. Ex.a uma pessoa correcta e homem dê bem, ainda mais me feriu a censura em que, por parte de S. Ex.a, pude incorrer.

Por consequência, vem inteiramente a propósito que eu procure estabelecer se a minha atitude foi ou não oportuna ou se convinha esperar que o Sr. Lisboa de^ Xiimâ chegasse a Lisboa para que eu então assumisse a atitude que adoptei.

Sr. Presidente: já tive ocasião de dizer à Câmara que reputava uni acto de certa gravidade, ou pelo menos de bastante responsabilidade, o ter mandado vir a Lisboa o Sr. Lisboa de Lima, determinando-lhe que 'embarcasse no primeiro vapor a partir do Rio de Janeiro ^para esta cidade.

Sendo assim, eu não quis deixar devir perante a Câmara assumir todas as responsabilidades que desse, facto resultas-

sem, assim como não queria, podendo o facto ter repercussão nos interesses da Exposição no Rio de Janeiro, de até o fim deixar de assumir todns as responsabilidades que me. compelissem, conduzindo por isso a questão eu próprio até à solução que ela precisa de ter, em vez de, menos cioso das minhas responsabilidades e menos interessado por uma questão de tam grande importância para o País, comodamente me desinteressar dela, deixando-me substituir em tudo pelo Ministro que acabava de chegar.

Procedi assim, já tive ocasião de dizer, mas repito-O' agora, por coerência comigo próprio, por virtude da noção das responsabilidades que tenho, do sentimento do dever a cumprir 3ue sempre me acompanha, e ainda por lealdade para com o actual Ministro do Comércio.

Apoiados.

Sr. Presidente: na ocasião em que determinei ao Sr. Lisboa de Lima que regressasse a Lisboa, a situação era esta: o pessoal que se encontrava nas obras dos nossos pavilhões na Exposição estava em parte desvalorizado e em parte indisciplinado. E tam indisciplinado que, ten-do-Jhe sido ordenado superiormente que embarcasse, como o próprio Sr. Comissário me comunicou e até notícias nos jornais referiram, esse pessoal se recusou a fazê-lo, tendo forjado complots, intrigado e, em suma, procilrado esgrimir com todas as dificuldades possíveis para que a ordem de Lisboa se não cumprisse.

Por outro lado o embaixador-comunicava . que as dívidas já subiam ao montante de alguns milhares de contos, que era preciso que imediatamente seguisse mais dinheiro, tendorsa pago essas dívidas, ainda mais dinheiro para que as obras pudessem continuar, e que o comissário de porta em porta pediu dinheiro e que as entidadõs que lho haviam fornecido já não forneceriam mais, por, inclusivamente, se encontrar pessoal dispensável a fazer reembarcar imediatamente para a Europa; a falta absoluta de dinheiro para pagar essas, passagens, vencimentos em atraso, dívidas importantes a satisfazer urgentemente. Mais dinheiro ainda preciso para que as obras continuassem sot) nova administração e a exposição pudesse emfim abrir.