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Sessão de 19 de í)ezembro de

iniludlvelmente, a necessidade de vir a esta Câmara pedir ao País mais dinheiro, qualquer cousa à roda de 7:000 contos; e* eu pregunto à Câmara se alguém jul-° gará possível que alguém viesse aqui, eu o Ministro, pedir mais dinheiro, dizer: Dêem-me mais 7:000 contos para concluir os pavilhões do Eio de Janeiro e pagar uma imensidade de dívidas, sem informar a Câmara das circunstâncias dos factos de que resultava uma tal necessidade e uin tam extraordinário pedido.

O País tinha o direito de ser meticulosamente informado, e até para prestígio da Kepública se impunha que os seus homens públicos não ocultassem a verdade e muito mais ainda que não mentissem.

Portanto assim fiz. Além de tudo o mais, não me deixou hesitar a necessidade absoluta de intervir de urgência.

Posta a questão nestes termos parece-í-mo bem, Sr. Presidente, que se não tornava possível esperar pela chegada a Lisboa do Sr. Lisboa de Lima, que aliás, como de telegramas lidos à Câmara se infere, mostrava desejos de não vir tam depressa.

Isto pelo que respeita às afirmações de que eu poderia ter prejudicado a República, de que foram inoportunas e precipitadas as minhas declarações e que com elas teria procedido incorrectamente não esperando a chegada do Sr. Lisboa de Lima a Lisboa para fazê-las.

Já que falei no Sr. Lisboa de Lima quero ainda referir-me a S. Ex.a para precisar e acentuar palavras minhas.ditas a quando das afirmações que fiz.

Eu tive ocasião de relatar factos dos quais resultou à evidência a responsabilidade daquele senhor e acrescentei que S. Ex.a fora inábil, fraco, incompetente e pusilânime, e disse isto e continuarei a afirmá-lo até provas que destruam as bases das afirmações feitas.

Foi inábil, porque a meu ver desde o começo deu uma orientação aos negócios da exposição que veio a ser-lhes funesta.

Sr. Presidente: há exposições para todos os preços. De luxo, ostentosas e mo-destas-

Há todavia exposições que, não sendo luxuosas, não prejudicam o prestígio de quom as exibe.

Por este modelo podia ter optado o

Sr. Lisboa de Lima, mas optou pelo que viria a ser mais luxuoso e earo.

Parece-me que fez tnal, pois devia ter escolhido -^ousa que, sendo mais compatível com os recursos do País, lhe permitisse chegar ao fim em bons termos.

Mas S. Ex.a mostrou ignorar tudo o que se passava no Rio de .Janeiro, deixando assim acumular responsabilidades que afinal tinham de vir a cair sobre a sua própria cabeça.

Mostrou-se pusilânime, não fazendo entrar energicamente na ordem aqueles que no Rio de Janeiro não respeitavam as determinações superiores.

Mostrou-so fraco, inábil e incompetente, quando, para resolver complicações, de cada vez as criava maiores e mais incomportáveis.

A fiin de evitar quaisquer especulações que acaso venha a procurar fazer-se devo informar a Câmara das condições em que isto se passou.

Estavam em discussão nesta casa do Parlamento as" propostas de finanças e uns dias antes da partida do Lourenço Marques, muito poucos, o Sr. Lisboa de Lima veio a esta Câmara e mandou dizer ao Sr. Ministro do Comércio que tinha grande urgência em falar-lhe por motiv.o de assunto ligado à Exposição do Rio de Janeiro.

O Sr. Lima Basto, então Ministro interino das Finanças, não podia sair da sala em virtude da discussão das propostas de -finanças; o Sr. Presidente do Ministério, retido também por essa discussão, pediu-me que me avistasse com o Sr. Lisboa \ de Lima.

Assim fiz e então S. Ex.a comunicou-me o seguinte: que todas as dívidas e despesas estavam pagas até àquele momento e que por esse lado o comissariado se encontrava desembaraçado.

Mas até que a exposição abrisse havia um lapso de tempo a que S.. Ex.a chamou um pon'o morto, porque só então, com a receita proveniente do bar e cinema, contaria com os meios necessários para sustentar a exposição.