O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

7
Sessão de 11 de Janeiro de 1923
Automóvel Militar, cujo projecto de reorganização não há meio de vir aqui à discussão.
Em vista disso, eu desejaria até que, emquanto o projecto se não discute, êsses serviços passassem para uma empresa particular, porque é pavoroso o que se passa com o Parque Automóvel Militar, não só porque é enorme o consumo de gasolina e pneus, mas porque toda a gente se utiliza dos automóveis do Estado.
Logo eu, que sinto a situação bem triste em que se encontra o País, não posso associar o meu voto à aprovação dêste projecto de lei, pois a meu ver êle neste momento é dispensável e pode ser adiado porque não se compadece com a situação económica do nosso País.
Está aqui presente um distinto oficial da aeronáutica militar, o Sr. António Maia; para S. Ex.ª não serão muito agradáveis as considerações que estou fazendo, mas entre o muito respeito que eu tenho pelas suas qualidades militares, a sua competência profissional e o seu brio de cidadão, e a consideração que me merece a situarão precária em que se encontra o País, eu opto por favorecer esta situação. E nós que prometemos ao País, na nossa propaganda, fazer uma administração honesta e patriótica, somos os primeiros aqui a votar todos os projectos que trazem aumentos de despesa!
Estamos em presença duma crise ministerial, segundo dizem; mas não me consta que o Sr. Ministro da Guerra esteja demissionário, e por isso admira-me que S. Ex.ª aqui não venha elucidar-nos acêrca dêste projecto de lei. Por esta razão foi que na última sessão me associei ao requerimento feito pelo Sr. Pires Monteiro, porque estava e estou convencido de que se o votássemos prestávamos um bom serviço ao País.
Sr. Presidente: o artigo 3.º, que agora se discute, pode dar lugar a muitas confusões, tal como está redigido. Neste momento em que toda a gente procura angariar mais meios de subsistência, estou convencido de que os oficiais aviadores procurarão voar quando lhes seja possível para terem maior subsídio. E eu estou convencido de que cada hora de voo que se poupasse, aplicando êsse dinheiro na agricultura, se obteria o trigo de que o País necessita para a sua alimentação.
Sr. Presidente: com o que mensalmente se gasta em gasolina, óleos e outros produtos obter-se-ia muito trigo que iria suavisar, em grande parte, a tristíssima situação em que se encontram as classes menos abastadas dêste país.
Ora, Sr. Presidente, eu não tenho a ilusão de que o exército é desnecessário; mas, pelo contrário, entendo que êle é uma das características de nação independente. Todavia, se tivesse tido tempo para estudar êste projecto...
O Sr. António Maia: — Está na ordem do dia desde Setembro último.
O Orador: — Também há muitos projectos que estão na ordem do dia há anos e ainda não foram discutidos.
Mas dizia eu, Sr. Presidente, que se tivesse tido conhecimento dêste projecto há mais tempo tê-lo ia combatido desde a primeira hora, porque entendo que cada cousa deve estar no seu lugar, e, portanto, aquilo que mais necessário se torna é que deve ser discutido e apreciado em primeiro lugar.
Mas eu não quero criar más disposições da parte do meu amigo e colega Sr. António Maia, que é uma alma nobre e gentil, e por isso vou terminar as minhas considerações, fazendo os mais ardentes votos para que os pilotos sejam felizes nas suas viagens aéreas, e lá no alto não se esqueçam de que existe a terra portuguesa, que é bem digna de melhor sorte.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. António Maia: — Sr. Presidente: poucas palavras vou proferir em resposta ao longo discurso feito pelo meu amigo Sr. Francisco Cruz.
S. Ex.ª, a propósito do artigo 3.º, fez a crítica dum projecto que já estava discutido na generalidade, mas sôbre o artigo 3.º nada disse.
Por conseguinte, louvando os propósitos patrióticos do Sr. Francisco Cruz, que teve apenas em vista tratar da economia do projecto, resta-me agradecer as palavras amáveis que S. Ex.ª me dirigiu, bem como aos meus colegas pilotos da aviação.
Tenho dito.
O orador não reviu.