O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

15
Sessão de 12 de Janeiro de 1923
S. Ex.ª não aceitou, porém, as imposições republicanas da opinião pública, e retirou-se do Ministério. Por essa sua atitude S. Ex.ª só pode merecer aplausos e nunca censuras.
De resto eu nunca ataquei o Sr. Leonardo Coimbra, nem ataco, convencido como estou de que o único responsável pelas scenas que se desenrolaram em torno desta questão é o Sr. Presidente do Ministério.
O Sr. Leonardo Coimbra pode ter, como qualquer homem público, as ideas que entender; o Sr. Presidente do Ministério é que tinha o dever de as não perfilhar, aceitando-as. Quando o Sr. Leonardo Coimbra pretendeu incluí-las na declaração ministerial, S. Ex.ª deveria ter-se apressado em o mandar para um convento.
Risos.
Nos já longínquos tempos em que o Sr. Leonardo Coimbra lutava a meu lado pela proclamação da República, eu nunca o conheci deísta e muito menos católico.
Agora, passada a porta dos 40 anos, apavorado ante a proximidade da morte, S. Ex.ª quere pôr-se de bem com Deus e com a santíssima religião. Cada um vai para onde quere e segue o caminho que entende.
O Sr. António Maria da Silva, porém, é que como Presidente do Ministério e representante do Partido Democrático se torna o principal responsável da situação por não ter, na devida altura, repelido toda a sua solidariedade em actos que tinham por fim proteger os princípios reaccionários.
Em Portugal muitas vezes não se compreendem as situações. A opinião pública é sempre uma fôrça que nas democracias tem de ser respeitada e ouvida. Ainda ontem, porém, eu vi o Chefe do Govêrno muito zangado proferir palavras que S. Ex.ª teria feito melhor em não proferir.
S. Ex.ª, repudiando toda a solidariedade com os indivíduos que pretendem perturbar a ordem na sociedade portuguesa, deu-lhes uma classificação que, neste momento, me abstenho de repetir.
Eu devo dizer a S. Ex.ª que nem todos os homens que entram em revoluções podem sofrer tal classificação. Há ainda criaturas que entram nas revoluções com intuitos generosos...
O Sr. Manuel Fragoso: — Ainda há dêsses?
O Orador: — Não é muito para admirar que os haja...
O Sr. Manuel Fragoso: — Que ingenuïdade!
O Orador: — Como é que V. Ex.ª não quere que na sociedade portuguesa haja milhares de revoltados contra a situação que nos cerca, quando êles se estão debatendo na mais negra miséria?
Como é que V. Ex.ª quere que não haja o espírito revolucionário na sociedade portuguesa se ela está a morrer de fome?
Eu já disse a V. Ex.ª que condeno todos os movimentos revolucionários, pois sei bem que só nos podem levar a pior, mas nem todos pensam assim; e os que têm passado por aquelas cadeiras têm grandes responsabilidades na situação em que nos encontramos.
Sr. Presidente: há meses estando eu no Alentejo recebi queixas de quem me merece toda a consideração, pois são de pessoas que trabalham, os lavradores. Um correligionário nosso queixou-se-me de que o Ministério das Finanças o obriga a dar dia a dia ou semanalmente a nota do gado, o que se torna impossível e só vem embaraçar o trabalho e de nada serve, pois não são êles que mandam o gado para Espanha, mas sim os contrabandistas A, B e C.
Pois se se sabe quem é que faz o contrabando, porque é que não se mete na cadeia quem faz a fome em Portugal?
E são os Governos os maiores responsáveis.
Não apoiados.
Quando o Sr. Lúcio de Azevedo foi Ministro do Comércio proibiu a exportação de algodão; pois assim que S. Ex.ª deixou de ser Ministro, veio logo uma portaria permitindo-a, e agora sai para fora aos vagões, de forma que uma peça de algodão que custava a semana passada 56$ custa já 90$!
É ou não o Govêrno o culpado nas revoluções?
Não apoiados.
É por isso que fiquei satisfeito quando ouvi dizer ao Sr. Almeida Ribeiro que o