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Sessão de 12 de Janeiro de 1923
Sr. Presidente: o que é um facto é que se têm pedido medidas enérgicas, e um Govêrno que até hoje as não tem tomado, porque não quere ou porquê não sabe, não tem o direito de continuar a ocupar as cadeiras do Poder.
Não é só em matéria de roubo que a República tem sido pèssimamente servida por parte dos tribunais a que essas questões têm sido afectas, mas sim também nas questões políticas, isto é, na execução de certas medidas que não merecem nem podem merecer de maneira nenhuma o meu aplauso.
Eu não quero, Sr. Presidente, discutir aqui a decisão dos tribunais; o meu desejo é apenas chamar a atenção do Govêrno para o estado em que se encontra a sociedade portuguesa.
Sr. Presidente: ainda em matéria de roubo eu devia dizer ao Sr. Presidente do Ministério de que fui, não há muitos dias, informado de que em Aveiro se estão construindo uns prédios, dizendo-se por lá que êles estão sendo feitos com dinheiro dos Transportes Marítimos do Estado.
Eu já em Novembro tive ocasião de chamar a atenção do Govêrno para êstes assuntos, fazendo ver a necessidade absoluta que há de se tomarem medidas mais urgentes.
Eu espero que o Govêrno do meu partido, que mais uma vez se encontra no Poder, governe republicanamente e conforme as circunstâncias o exigem.
Eu fui um dos homens que mais se revoltaram no tempo da monarquia contra os escândalos tremendos que se davam, todos os dias e todas as horas, porém nunca me passou pela cabeça, quando falava nos comícios contra essa escandalosa administração monárquica, que no regime republicano se pudessem dar os mesmos casos ou talvez ainda piores.
Os escândalos estão sempre na ordem do dia; tivemos a questão dos Transportes Marítimos do Estado, a questão dos Bairros Sociais e agora tivemos o escândalo dos pavilhões na Exposição do Rio de Janeiro, êsse tremendo escândalo que nos envergonhou internacionalmente.
É preciso castigar, para que não só cá dentro, mas lá fora no estrangeiro, se não diga que Portugal é um país de ladrões.
Todos sabem que é esta a opinião dos que estão lá fora.
Por sôbre a questão lamentável e desgraçada dos pavilhões da Exposição do Rio de Janeiro, que nos custaram milhares de contos e ainda nos hão de custar outros milhares de contos, há a questão escandalosa da venda do vapor Lima.
Devo dizer que por gentileza especial do meu ilustre correligionário, figura de grande destaque no meu partido, o Sr. Portugal Durão, tive conhecimento duma carta publicada hoje no jornal O Século da autoria do meu ilustre correligionário, também, e que foi Ministro do Comércio, o Sr. Lima Basto.
Depois de ter lido essa carta fiquei com impressão muito diversa da com que fiquei quando nesta casa do Parlamento ouvi tratar da questão pela boca do ilustre Deputado monárquico e ilustre parlamentar e particular amigo Dr. Paulo Cancela de Abreu.
S. Ex.ª levantou-se da sua cadeira de Deputado monárquico, e mais uma vez verberou escândalos, pedindo para êles providências para pôr termo a êsses escândalos. Ainda que seja o meu mais irredutível inimigo político, pode contar com a minha solidariedade para moralizar a sociedade portuguesa.
Apoiados dos Deputados monárquicos.
O Sr. Vasco Borges: — É espantoso!
O Orador: — É assim, exactamente.
E que cada um de nós tem o interêsse de reconhecer o escândalo a fim de denunciar ao País êsse escândalo.
Sou um homem profundamente republicano, e porque me preso de o ser, e ser homem duma sã moral, desejo o castigo indispensável a tais imoralidades.
Apoiados.
A República sempre pugnou pela honestidade; deve procurar ser honesta.
Sr. Presidente: não quero cansar a atenção do Sr. Presidente do Ministério. Sou suficientemente seu amigo, para não querer de forma alguma que a sua saúde saia daqui, porventura, mais abalada do que está. Mas não quero deixar de aproveitar a ocasião para dizer o que digo a S. Ex.ª, embora esteja convencido de que tem desejo de mudar de rumo, e tanto assim é, que o Sr. Almeida Ribeiro, falando, em nome dêste lado da Câmara, peremptòriamente disse que êste Govêrno