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Sessão de 24 de Janeiro de 1923
O Sr. Presidente: — V. Ex.ª não pode pronunciar semelhante palavra. Eu não a posso aceitar.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu (para explicações). — A moção do Sr. Agatão Lança constitui uma afronta, e para mim todas as afrontas são infâmias. É uma afronta dirigida a correligionários meus, ao meu partido, a nós próprios, e por isso temos de repeli-la indignadamente.
A Câmara não se honra, nem honra o país, aprovando a segunda parte da moção, pois que, além duma revoltante injustiça, pratica um acto que no estrangeiro pode dar a impressão de que os portugueses se dividem quando se trata da defesa dos interêsses e do prestígio de Portugal.
É isto o que sinto, e, portanto, é isto o que posso dizer a V. Ex.ª
O Sr. Presidente: — V. Ex.ª tem o direito de apreciar a moção, mas não por essa forma; porém, agora considera-se como não pronunciada essa palavra.
Vários àpartes.
Leu-se a moção e foi admitida.
O Sr. Pedro Pita: — Requeiro que sôbre a moção seja aberta uma inscrição especial.
Foi aprovado.
O Sr. Aires de Ornelas: — Sr. Presidente: longe estava eu, ao entrar nesta sala, de ter de pedir a palavra.
Não esperava que uma moção desta ordem fôsse apresentada, tanto mais quanto é certo, que a segunda parte nada tem com Monsanto.
Durante a guerra, trabalhei o mais possível para a união de todos os portugueses, e agora vêm acirrar-se ódios.
Cheguei a dizer o seguinte aqui nesta casa do Parlamento: que fui um daqueles, o primeiro mesmo, que após a implantação do regime republicano se demitiram a si próprios, por isso que entendo que o juramento que havia prestado como soldado não me permitia servir com o novo regime.
Apesar disso declarei em meu nome e de todos que perfilham o meu credo político o respeito à bandeira nacional.
Interrupções dos Srs. António Maia e Joaquim Ribeiro.
O Orador: — Eu não posso responder por todos que se dizem monárquicos neste País. Respondo por mim, e pelos que me querem acompanhar.
Tenho autoridade para dizer que, quando fomos para Monsanto, ninguém pensava no armistício; e ponho aqui o desmentido mais terminante à segunda parte da moção.
Não foi com o meu conhecimento que o facto se deu. Depois de se dar, era preciso ter abdicado todos os direitos políticos se o não aceitasse.
Pensava em que tudo se poderia obter sem que se derramasse, até, o sangue português.
Terei muitos defeitos, mas ninguém pode deixar de acreditar no meu desejo de união de todos os portugueses, e no amor que consagro ao meu País. Isto não pode admitir dúvidas.
Apoiados.
Tive agora ocasião de dizer o que pensava nessa malfadada hora, de cujo êxito não podia sequer aceitar a possibilidade. Mas fui obrigado, repito, a aceitar essa situação, chamando o País para uma luta cujas conseqüências não previa.
Tenho obrigação de exigir, porque considero o autor da moção um militar brioso e digno, que tenha consideração pelos adversários, procurando uma forma que não venha ferir quem com trinta anos de carreira militar tem direito a ser respeitado.
Apoiados.
Tenho estado doente, e não quero fatigar a Câmara, nem fatigar-me a mim, mas não podia deixar, ao entrar aqui, e ouvindo o que se passou, de ter êste desabafo.
Sou português. Aqui sou só Aires de Ornelas, e mais nada.
Tenho por mim a minha vida, todo o meu passado, o presente e também o futuro: hei de defender até morrer o meu credo político, mas nunca ataquei nem persegui adversários.
Todos somos representantes da Nação; e no momento em que a situação é grave, devemos pôr todos de parte paixões políticas, para resolver os problemas que estão em discussão de interêsse para o País.
Apoiados.
Partamos do princípio de que aqui se-