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Sessão de 24 de Janeiro de 1923
o dizer e a Câmara e o País reconhecem essas qualidades no Sr. Aires de Ornelas. Mas há outros que são correligionários de S. Ex.ª que não estão em idênticas circunstâncias.
Assim é que eu e a Câmara, como representantes da nação, não podemos esquecer que muitos correligionários do Sr. Aires de Ornelas esqueceram aquilo que deviam à Nação e não duvidaram, na hora em que a Pátria pedia o auxilio de todos os filhos para defender os seus legítimos interêsses e direitos, quer em África, quer em França, fugir ignòbilmente, apavoradamente, devido a uma cousa que não devia existir na lexicografia portuguesa e que se chama «o medo».
Apoiados na esquerda e no centro e não apoiados nas bancadas monárquicas.
O Orador: — Assim é que muitos dos seus correligionários, despindo a sua farda, na hora do perigo e da luta, não hesitaram até em se pôr ao serviço e a sôldo dos inimigos da Pátria.
Muitos apoiados na esquerda e centro e protestos na bancada dos monárquicos.
O Orador: — Assim é que não foram apenas um, nem dois, nem três, mas muitos oficiais que para vergonha do exército e militando no partido monárquico, abandonaram as fileiras do exército, por êsse tempo, para se colocarem ao serviço das casas comerciais alemãs, estabelecidas em Espanha.
Muitos apoiados da esquerda e no centro e protestos nas bancadas monárquicas.
O Orador: — Faz parte desta Câmara o Sr. Homem Cristo, director do jornal O Povo de Aveiro, o qual fez a mais violenta campanha em favor da nossa intervenção na guerra. Pois o Sr. Homem Cristo publicou no seu jornal um documento, firmado por um combatente da Grande Guerra, irmão de um oficial de artilharia, em que são apontados os nomes de muitos oficiais que fugiram de Portugal e foram pôr-se ao sôldo de casas alemãs em Espanha. Os nomes dêsses indivíduos, com os respectivos postos, vieram publicados no jornal dirigido pelo Sr. Homem Cristo.
Protestos nas bancadas monárquicas e apoiados nas outras bancadas.
O Orador: — Se quisesse, podia citar uma a uma as falhas de patriotismo, as falhas de brio nacional que certos indivíduos cometeram então.
Apoiados.
Mas eu não quero prolongar a discussão sôbre a moção que vejo merecer os aplausos da Câmara. Ela é nascida da minha alma de republicano e patriota que eu tenho a certeza que vibra agora, como tem vibrado sempre, porque é a alma do povo republicano, do povo que sempre se tem sacrificado por esta grande Pátria portuguesa.
Muitos apoiados.
É de lamentar que se quisesse ver na minha moção e até, porventura, quem milita num dos partidos republicanos, qualquer cousa que fôsse menos exacta, quaisquer palavras que não correspondessem em absoluto à verdade da história portuguesa.
Já disse o ilustre Deputado que me antecedeu no uso da palavra que se não fôra a revolução dezembrista, feita com o apoio e o aplauso dos monárquicos, não teria sido possível a traulitânia e não teria sido possível a traição de Monsanto (Apoiados), e Monsanto não teria sido possível, se os republicanos não fôssem corridos, como feras, dentro da República.
Sr. Presidente: disse Clemenceau, essa grande figura de estadista, essa alta capacidade que faz o orgulho e a honra de uma Pátria, que todas a revoluções geradas no tempo da guerra eram um crime contra a nação.
A revolução dezembrista estalou em plena guerra e a revolução de Monsanto, do que resultou a do norte, essa revolução de traição que foi toda a obra dos monárquicos, não podia realizar-se durante a guerra e o armistício não pode ser considerado no fôro militar, pelas razões que se sabe, senão ainda em estado de guerra.
Pois foi êsse período aproveitado pelos monárquicos, para realizarem a revolução.
Apoiados na esquerda e protestos na bancada dos monárquicos.
Sussurro.
O Orador: — Portanto eu, apoiando-me na autoridade dêsse eminente estadista