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Diário da Câmara dos Deputados
Não posso permitir que nenhum republicano nesta Câmara não aceite a questão posta nestes termos, e não sendo costume saírem tais propostas dos Governos, poderia o Sr. Pedro Pita propor a alteração que apontei, ficando a sua proposta redigida nesses termos.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Dinis da Fonseca: — Sr. Presidente: a minoria católica tem sôbre o assunto ideas próprias e definidas, as quais, para não roubar muito tempo à Câmara, resolveu concretizar numa moção que vou mandar para a Mesa, e que diz o seguinte:
A Câmara dos Deputados, no 4.º aniversário dos acontecimentos de Monsanto, saúda a memória de todos os portugueses que neles perderam a vida, sacrificando-a a um nobre ideal e faz votos por que, esquecidas as divergências políticas, todos os portugueses se unam num grande esfôrço patriótico para levantamento da Pátria. — O Deputado, Joaquim Dinis da Fonseca.
Sr. Presidente: há nos acontecimentos de Monsanto, que a Câmara quere relembrar, mortos e vivos.
Para os mortos deve ir nesta hora uma saüdação para a sua memória, sem distinguirmos as suas côres políticas, visto que apenas uma cor podemos hoje distinguir, que é a da relva que cobre as suas sepulturas.
Para os vivos, quaisquer que sejam as suas crenças e ideais políticos, nesta hora grave para a nacionalidade portuguesa, só uma cousa também se deve pedir: é que, esquecendo agravos de parte a parte, só tenham um único pensamento, o de engrandecimento da Pátria.
Tal o sentido da moção que vou enviar para a Mesa.
Leu-se e foi admitida a moção, ficando em discussão.
O Sr. Pedro Pita: — Sr. Presidente: por muita consideração que me mereça o Sr. Presidente do Ministério, não posso estar de acôrdo com a alteração que S. Ex.ª deseja da minha proposta...
Se estivesse ouvindo quando apresentei a minha proposta, teria visto qual era o meu intuito.
Na moção do Sr. Agatão Lança há uma parte em que se afirma que a razão de ser da jornada de Monsanto era o propósito de se deminuir o nosso prestígio pela intervenção nossa na guerra, e eu tive ocasião de dizer á Câmara que não conhecendo nenhum facto em que se possa basear uma afirmação dessa ordem, não a poderei votar. Estou, pelo contrário, convencido de que o intuito que levou os monárquicos a Monsanto foi proclamar a monarquia.
Poderá dizer-me S. Ex.ª, poderá dizer qualquer dos meus ilustres colegas que os monárquicos, ao dirigirem-se para Monsanto, para proclamar a monarquia, se não preocuparam com as conseqüências, que êsse seu acto podia trazer internacionalmente, não procuraram saber se dêle poderia resultar a deminuïção do nosso prestígio internacional.
Está certo, mas, para fazer a afirmação categórica de que o seu intuito foi o de desprestigiarem o país internacionalmente precisaria de ter conhecimento absoluto de factos em que a pudesse basear.
Assim, Sr. Presidente, afastando essa afirmação que na moção se contém, satisfaço-me com a substituïção das palavras «com o fim de deminuir», ou semelhantes, que lá estão, pelas «de que poderia resultar a deminuição», ou semelhantes. Dêste modo, eu, que sei muito bem que uma revolução, fôsse qual fôsse, tinha fatalmente de nos colocar mal perante o estrangeiro, deminuindo o nosso prestígio junto daqueles com que tínhamos lutado, não tenho dúvida em aceitar alguma cousa onde se afirme que dêsse gesto poderia resultar tal deminuïção do nosso prestígio.
Um àparte do Sr. Agatão Lança.
O Orador: — Tinha tenção de dar por concluídas as minhas considerações quando o Sr. Agatão Lança me pediu licença para me interromper, e eu, que não gosto nunca de recusar tal licença, não podia deixar de a conceder a S. Ex.ª
Lamentou S. Ex.ª que eu, um Deputado fogoso, não tenha seguido a leitura de determinados documentos. Fogosos se-