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Sessão de 24 de Janeiro de 1923
Compreendo eu isto assim, como compreende a maioria desta Câmara e, sobretudo, todos aqueles republicanos que, durante o período dezembrista, tiveram de andar a monte por êsse País fora.
Assim, a Câmara deve compreender que eu não posso, neste momento, deixar de claramente definir o meu pensamento sôbre a moção enviada para a Mesa pelo ilustre Deputado o Sr. Ginestal Machado, pois, na verdade, ela não é de admirar, tanto mais quanto é certo que nós temos daquele lado da Câmara pessoas que foram contra a nossa comparticipação na guerra, homens que apoiaram a situação dezembrista e até homens que foram secretários de Sidónio Pais.
É justamente por isso que eu compreendo perfeitamente o significado dessa moção, e é justamente por isso que não posso aceitar como boas as palavras proferidas pelo ilustre Deputado o Sr. Pedro Pita.
O que eu não posso deixar de estranhar foram as palavras proferidas pelo Presidente do Ministério, o Sr. António Maria da Silva, pois admira-me bastante que S. Ex.ª não tivesse tido a coragem de falar claro ao Parlamento.
O mal desta infeliz República tem sido, Sr. Presidente, justamente o de se não falar claro ao povo, e é por isso que eu, que estou acostumado a atitudes francas e claras, protesto contra a emenda enviada para a Mesa pelo Sr. Pedro Pita.
Lamento que o Presidente do Ministério, o Sr. António Maria da Silva, não tivesse repelido as palavras proferidas pelo Sr. Pedro Pita, e, ao contrário, com a habilidade que lhe dá a sua inteligência prodigiosa, tivesse vindo mais uma vez querer estabelecer a harmonia entre Deus e o diabo, isto com o intuito único de procurar o equilíbrio do seu Govêrno.
O Govêrno, Sr. Presidente, que é representado por homens do Partido Democrático e bem assim por alguns independentes, não ficaria mal se tivesse aceitado a moção tal qual eu a apresentei; mas, Sr. Presidente, eu digo a V. Ex.ª que me magoa principalmente que princípios e autoridades republicanas, num momento como êste, não sejam postos a toda a prova.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva): — Sr. Presidente: há pouco pedi a palavra para me pronunciar, em nome do Govêrno, sôbre as moções apresentadas, e que conhecia só de as ouvir ler ràpidamente; mas, depois de vistas de perto, tenho a dizer que em nada devo alterar o que disse.
Mas levantou-se celeuma por parte dum ilustre parlamentar e meu amigo, que sabe que eu defendi a nossa intervenção na guerra.
O Sr. Agatão Lança (interrompendo): — Pena é que a não defenda agora no Parlamento.
Àpartes.
O Orador: — Não se queira alterar nada do que eu aqui disse, nem é preciso habilidades para eu manter as palavras que proferi.
Uma cousa quis defender nesta assemblea, e é simplesmente o que dessas palavras que proferi se deve concluir: é que não se fica com o direito de dizer que o nosso esfôrço foi deminuído, e isto para que não se faça em Portugal ainda essa política que já se fez durante a guerra.
Aqui tem S. Ex.ª a significação das palavras que proferi, e lamento que pudesse haver qualquer êrro sôbre a sua intenção, ficando assim bem expressa a intenção da minha parte e do Govêrno que represento.
Dirigindo-me agora ao Sr. Pedro Pita, declaro que talvez ficasse melhor expresso o pensamento que se deseja dizendo-se que pretenderam e poderiam ter deminuído o nosso esfôrço na guerra.
Não é uma substituïção de palavras, mas uma aclaração.
Os monárquicos poderiam ter deminuído o nosso esfôrço, mas não o conseguiram, porque êsse esfôrço estava feito.
Apoiados.
Expresso assim o pensamento, não terão razão os Srs. Agatão Lança e Pedro Pita para não chegarem a um acordo sôbre a interpretação das minhas palavras e sôbre o modo como devemos colocar a questão.
Nesta hora devem estar todos os partidos unidos, como estiveram ligados num Govêrno presidido pelo Sr. Relvas.