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Diário da Câmara dos Deputados
Porque não se segue esta orientação? Nem esta nem qualquer. Projectos importantes independentes das três leis basilares são esquecidos.
Ao passo que no sistema de reorganização francesa se revela o intuito de harmonizar convenientemente êste grande edifício, que é um exército em linhas convenientes, ao passo que isto se faz Sr. Presidente, a comissão de guerra dá os seus autorizados pareceres sôbre muitos projectos fragmentários, projectos de interêsse restrito; e êsses projectos vêm não só da comissão de guerra como das outras.
É êste facto, Sr. Presidente, que me parece pouco razoável, e é por isso que eu lamento o processo de trabalho das comissões.
Sr. Presidente: para concluir as minhas já tão longas considerações, vou referir-me à questão dos hospitais militares.
Não cito números, quero apenas indicar as minhas conclusões.
Ao serviço dos hospitais militares estão 758 praças que consomem 883.043$80, assim como 28 enfermeiras.
Primeiramente, Sr. Presidente, se fôsse seguida a orientação que preconiza na remodelação do exército, alguns hospitais de 2.ª classe e uma grande parte dos hospitais de 3.ª classe seriam suprimidos, e essas verbas com que são dotados serviriam para melhorar os outros hospitais que subsistissem.
Mas, Sr. Presidente, temos em todos os Ministérios as chamadas dactilógrafas, que poderiam ser empregadas nos hospitais, e assim poderíamos ter 824 enfermeiras, substituindo 642 cabos e soldados que estão em serviço dos hospitais, o que seria muito melhor.
Isto é apenas um alvitre, porque sei as dificuldades que haveria, mas aqueles que tiveram a infelicidade, mas ao mesmo tempo a honra, de serem tratados pelas enfermeiras, conhecem que uma mulher tem as qualidades próprias para o desempenho do serviço de enfermagem, a que os homens dificilmente se adaptam. Sr. Presidente: é absolutamente indispensável fazer economias que garantam uma conveniente distribuïção de verbas e o melhor funcionamento do organismo militar.
Quero ainda chamar a atenção do Sr. relator do orçamento do Ministério da Guerra para o facto de ter passado mais um ano sem se realizarem as escolas de repetição e sem funcionar a Escola Central de Oficiais.
Se temos a ambição de ver o exército prestigiado, é absolutamente indispensável que se adoptem aquelas medidas que permitam preparar convenientemente os quadros de graduados e de oficiais; aquelas escolas de repetição são vantajosíssimas sob o ponto de vista profissional, pois representam o complemento da instrução militar anual e moralmente interessam ao exército e à Nação.
Sr. Presidente: termino as minhas considerações agradecendo à Câmara a atenção com que me ouviu, depois de ter cumprido com o meu dever, chamando a atenção do País para os factos mais salientes e que exigem mais rápido remédio.
Falando ao País e ao exército dêste meu fauteuil de deputado, aproveitei o ensejo para assumir a responsabilidade de opiniões, que defenderei em todas as circunstâncias e contra todos os argumentos que se apresentem, mantendo o critério de que a conveniente economia só se pode fazer com a concentração dos efectivos, evitando-se a pulverização de serviços de vária ordem, sem as verbas necessárias que garantam o seu funcionamento. Independente de qualquer partido político, expus opiniões pessoais, a que V. Ex.ª e a Câmara darão a consideração que o vosso patriotismo e o vosso estudo determinarem.
Disse.
O Sr. Estêvão Águas (para interrogar a mesa): — Sr. Presidente: peço a V. Ex.ª que me diga a que horas se encerra a sessão.
O Sr. Presidente: — A sessão deve encerrar-se à 1 hora. Como, porém, não há número, encerro-a já.
Eram 0 horas e 45 minutos.
O REDACTOR — João Saraiva.