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Diário da Câmara dos Deputados
ensejo para apresentar essas considerações.
O Govêrno habilidosamente atirou para cima da comissão de finanças a responsabilidade da situação desgraçada em que se encontram os funcionários públicos. A comissão de finanças procurou constituir uma sub-comissão, para a qual nomeou um colega, que pertence à minoria nacionalista, que, por ser activo e sabedor, ia fornecendo à comissão um trabalho muito apreciável.
O directório do Partido Republicano Nacionalista, que não tem voz nesta Câmara, entendeu que o Partido não podia compartilhar dessa responsabilidade nem cooperar em tal obra de mistificação, a que a maioria e o Govêrno conduziam os seus correligionários, pelo que lealmente a êstes fez sentir que havia quem estivesse a abusar da sua situação e era necessário deixar êsses trabalhos,
Nunca pode ser tomado como agravo o lacto de determinado partido só afastar de qualquer trabalho.
Os factos são tão recentes que não é necessário um grande esfôrço de memória para recordar que, de há tempo, o Sr. Alberto Xavier, que é um parlamentar inteligente e trabalhador, é tratado com menos consideração por a maior parte dos Srs. Deputados da maioria.
Muito bem. Se os parlamentares entendem que lhes fica bem acatar com menos consideração o seu colega, nós, seus correligionários, também entendemos que não é digna essa acção, e temos de considerar como um agravo feito ao nosso Partido (muitos apoiados das bancadas nacionalistas) um agravo feito a um dos seus membros.
O Sr. Alberto Xavier, ontem, convencido como está que o empréstimo é uma operação rumosíssima para o Tesouro Público, declarou de facto, em família, diante dos seus correligionários que faria quanto pudesse para obstar a que o empréstimo fosse votado.
Sr. Presidente: é absolutamente legal que um parlamentar, estando convencido que um empréstimo é uma ruína para o seu País, afirme que há-de fazer tudo o que em suas fôrças caiba para o evitar.
Muitos e vibrantes apoiados das bancadas nacionalistas.
O Sr. Velhinho Correia (apatete): — Isso é imoral.
O Orador: — Sr. Presidente: imoral é afirmar-se urna competência que não se tem; isso é que é imoral.
Muitos apoiados.
A declaração que o Sr. Alberto Xavier fez, no uso pleno dum direito, teve o condão de irritar a maioria, acostumada como está a ser o posso, quero e mando.
Muitos apoiados do centro.
Daí, Sr. Presidente, o propósito de esgotar a capacidade da palavra do Sr. Alberto Xavier, usando dos meios parlamentares de que se podia servir.
Mas o Sr. Alberto Xavier foi um pouco mais longe do que se supunha, porque o seu estudo sôbre a matéria era profundo, — e afiançaram-me pessoas autorizadas porque eu não estive cá — que êsse seu discurso tinha sido realmente feito com conhecimento de causa, com estudo, sem repetições nem obstrucionismo.
Não apoiados da esquerda e muitos apoiados do centro.
Mas, pelos modos, pretendeu-se evitar que S. Ex.ª fôsse mais longe do que se supunha e em consequência disso cortaram-lhe o discurso frequentemente com àpartes impróprios do Parlamento, e no fim, para completar a obra, rejeitaram a admissão da moção, que não continha um agravo e não era senão uma afirmação de princípios.
Quere a maioria que a minoria nacionalista não tinha que sentir-se, mas ela tinha, de facto, de sentir-se.
E assim, como disse o Sr. Ferreira de Mira, esta minoria não quere mais as condições de boa paz com a maioria.
Sr. Presidente: não pode, de facto, a minoria nacionalista nesta Câmara, emquanto se mantiver de pé o agravo feito a um dos seus mais ilustres membros, manter qualquer espécie de relações cordiais com a maioria.
E nestas condições, para que nos façam o mesmo quando porventura os papéis, se invertam, ainda bem que nós sentimos — apesar de haver alguém, muito chegado ao Partido Democrático, que afirma que não há moralidade,- um pouco de pudor para vir a esta Câmara repelir, em termos que o fa-