O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

69
Sessão de 21 e 22 de Marco de 1923
timo, ficaria sabendo o meu modo de pensar.
V. Ex.ª sabe que todos os dias se está empregando dinheiro em bilhetes do Tesouro, porque ainda é o Estado que oferece maiores garantias. Não me preocupo, pois. Não tenciono lançar o empréstimo todo duma vez no mercado, mas sim por séries, exactamente para não facultar essa especulação que tanto alarmou um grande número de parlamentares que combateu o empréstimo, partindo do princípio de que o Ministro das Finanças ou é um mal intencionado ou é um parvo.
Só assim é que se compreende êsse ataque.
É intenção do Govêrno fazer essa emissão por séries, e nessa ocasião o perigo que se podia dar-se efectivamente o dinheiro empregado nos bilhetes do Tesouro não tivesse característica própria, só atingiria os bilhetes que tivessem o seu vencimento nessa ocasião. Mas isto é na pior das hipóteses, porque continuo tende a opinião de que quem tem dinheiro emprega-o em rendimentos que dão maior lucro.
O Sr. Carvalho da Silva sabe melhor do que eu, que infelizmente não tenho a dita do ser capitalista, que seria um mau administrador quem, tendo necessidade de realizar ràpidamente os lucros do seu dinheiro, o colocasse em bilhetes do Tesouro, pois toda a gente sabe que os altos dividendos que várias emprêsas particulares estão dando aos seus accionistas.
Não vejo portanto em minha consciência o perigo que tanto sobressalta o Sr. Carvalho da Silva.
O Orador: — Mas V. Ex.ª não vê a necessidade do aumentar o juro aos outros títulos?
O Sr. Ministro das Finanças (Vitorino Guimarães): — Isso é um caso para ver depois.
O Sr. Carvalho da Silva tem também feito cavalo de batalha do argumento de que o juro dêsse empréstimo é de 15 por cento.
A êste propósito devo dizer a V. Ex.ª que é erróneo partir do princípio de que êsse juro é o mínimo, quando na realidade poderá ser o máximo.
O Orador: — Sr. Presidente: o Sr. Ministro das Finanças acaba de dar-me a mais absoluta e completa razão. S. Ex.ª, preguntando-lhe eu se não previa, a hipótese de ter necessidade de aumentar os juros da dívida flutuante, declarou que não podia dizer nada por agora, e que era um caso para estudar. Portanto S. Ex.ª é o primeiro a não contestar que êste facto venha a suceder, e conseqúentemente os encargos dêste empréstimo não serão só os que aqui estão mencionados, mas também os que indirectamente desta proposta resultam.
S. Ex.ª invocou com ironia, a minha qualidade, que S. Ex.ª supõe eu ter, de capitalista.
Direi a S. Ex.ª que sou um fraco capitalista, mas que no emtanto tenho de lidar fora desta casa com muitos capitalistas, e por isso mesmo é que eu posso garantir a S. Ex.ª que está absolutamente enganado quando faz a afirmação de que a aplicação em bilhetes do Tesouro é de natureza diversa.
Pode haver uma parte da dívida flutuante em que isso aconteça, mas a verdade é que a maior parte dessa dívida está nas mãos de pessoas que fazem a sua razão permanente. Mas como é então que o Sr. Ministro das Finanças pode ter essa confiança, e não pensa como Ribot, cuja autoridade financeira S. Ex.ª decerto não vai contestar.
Sr. Presidente: o Sr. Ministro das Finanças falou em que porventura as nossas considerações poderiam ferir S. Ex.ª, como demonstrativas de que nós pretendíamos afirmar do que S. Ex.ª era um mal intencionado.
S. Ex.ª não tem razão. Nunca S. Ex.ª ouviu dêste lado da Câmara uma palavra que pudesse feri Io pessoalmente, porque nós não seguimos os processos que adoptavam os Deputados republicanos no tempo da monarquia.
Não caluniamos os homens da República como os republicanos caluniavam a monarquia.
Não apoiados.
Mas já que S. Ex.ª falou em homens da monarquia, eu tenho de salientar aqui um facto de que, na minha qualidade de monárquico, muito tenho de orgulhar-me.
É que nesta questão do empréstimo, quando os republicanos querem ir buscar