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Sessão de 19 de Abril de 1923
tão reluzente, o cuidado com o capoto abotoado, revistas contínuas de material e quartéis, mus todavia, procurando sempre com essa pseudo-disciplina, apresentar os nossos soldados regularmente bem postos e garbosos.
Surgiu, porém, a necessidade de fazer-se uso dêsse exército para a guerra. Os quadros da mobilização não apareceram, embora já há largos anos estivessem previstos nos regulamentos militares. Oficiais milicianos, o nervo da organização de 1911, nem sequer se tinham atrofiado, porque não existiam.
Os nossos custosos arsenais, que bem podem considerar-se o cancro das instituições militares, não tinham produzido nada que aprestasse o nosso exército para a luta.
Viaturas não existiam, campos de concentração não estavam determinados, apesar de existirem no papel, material rolante é fixo não havia, e aquilo que comprámos, durante a guerra, à Inglaterra, por sinal bastante caro,, deixámo-lo apodrecer nos cais de Cherburgo e Calais, como eu tive ocasião dever. Mesmo aquele que voltou, apodreceu no cais da Rocha do Conde de Óbidos, como V. Ex.ª, Sr. Ministro da Guerra, deve saber.
Sr. Presidente: nós hoje encontramo-nos numa situação absolutamente inferior à de 1907, porque não distribuímos nem sequer um carro de esquadrão ou de companhia, vendendo-se, todavia, a granel, no deposito. de Braço de Prata, eixos, molas e as outras restantes peças de que se compõe um carro- militar, embora as tivéssemos pago com língua de palmo.
Acontece ainda um outro caso interessante.
Em Cherburgo tive eu ocasião de ver vários caixotes, que depois me informaram ser de aeroplanos que tínhamos adquirido no exército francês, mas que o Ministro da Guerra deixara inutilizar, pois já há muito se encontravam expostos à acção do tempo.
Sr. Presidente: esta criminosa passividade da pasta da Secretaria da Guerra levou o nosso glorioso exército à situação de improdutividade, visto que êle não possuía-os elementos necessários para realizar o único objectivo do exército, que é a vitória.
Eu, ainda há poucos, dias, disse nesta
Câmara que a fôrça moral, a educação da vontade e a atmosfera social em que vive o exército, são condições de ordem psicológica, absolutamente indispensáveis para que êle possa corresponder à sua missão.
Mas, Sr. Presidente, continuando, devo dizer que em toda a parte a defesa dos pôrtos está entregue à marinha de guerra. O governador das praças fortes mixtas, como Cherburgo, Dunquerque e Brest, é o prefeito marítimo, pertencendo a defesa das costas à marinha de guerra.
Entre nós, apesar da nossa marinha ter extraordinárias qualidades militares, não tem navios nem material.
Porque não se lhe entrega o comando das guarnições das batarias de costa?
Sr. Presidente: para não comprometer a defesa nacional, eu não desfio uma a uma essas batarias, e a qualidade do material de que dispõem, e não desfio também todos os seus serviços subalternos, como os serviços eléctricos, que, creio bem, melhor estariam entregues aos torpedeiros electricistas da marinha de guerra., Muito dinheiro absorve a manutenção dessa excrescência no exército e a par dessa despesa inexplicável que pesa no orçamento do Ministério da Guerra, existe ainda outra, porventura mais estranha, que é a dos torpedos fixos.
A defesa da barra faz-se por um processo determinado. Intervém nela a marinha sem navios e sem condições materiais de acção?
Não.
Intervém a companhia de torpedeiros da arma de engenharia, quando as circunstâncias em que se realiza essa intervenção impõem que êsses serviços passem imediatamente para a marinha de guerra.
Para se conseguir isso terá de haver a necessária coragem para se fazer abafar quaisquer pruridos de hegemonia. Mas a fôrça precisa para se atingir um tal desideratum provém para o Ministro da necessidade que há em se moralizarem as despesas públicas e em se afirmar por factos que na marinha há oficiais competentes e praças bastantes para o serviço de defesa do pôrto de Lisboa.
Se temos do manter a nossa marinha pelas suas brilhantes tradições e pela necessidade de defesa das instituições repu-