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Diário da Câmara dos Deputados
Tem, portanto, fazendo se bem ás contas, uma boa dúzia de médicos, e o hospital, por seu lado, ainda tem um major médico, director, e dois médicos internos, o que eleva mais ainda o número de módicos militares em Coimbra, onde o efectivo não chega a ser de 800 homens, mesmo na época da recruta.
Representa isto uma necessidade actual do exército?
De maneira nenhuma.
Representa esta situação o desejo de que pelo Ministério da Guerra se façam todas as economias que são susceptíveis de realizar-se adentro dos serviços do exército?
Não, Sr. Presidente.
Isto vem demonstrar a razão que eu tenho de estar aqui a roubar tempo à Câmara para lhe fazer ver que pela Secretaria da Guerra ninguém procura fazer economias, mantendo-se a seu belo talante organizações, como esta dos médicos militares, que nem na lei estão.
Eu não quero dizer que o Sr. Ministro da Guerra não tenha vontade de atacar o problema de frente; mas as dificuldades surgem de todos os lados, os interêsses são múltiplos, toda a gente pretende fazer favores à custa do Estado, e assim, pouco a pouco, se vai ilaqueando a acção dos homens como o Sr. Ministro da Guerra, e as cousas seguem o fatídico trilhar em que temos vivido.
Daqui resulta que nas instituições militares, que era o que tínhamos de maior e de mais nobre, não se realiza aquela obra que era necessário fazer, para que todos som excepção, andássemos contentes na nossa condição de cidadãos prestantes e probos.
Sr. Presidente: há factos fundamentais a que ainda não pude chegar. Aludirei a êles quando fôr discutido na especialidade o orçamento do Ministério da Guerra.
Neste intróito que acabo de fazer acêrca da questão militar, sob o ponto de vista da administração e da instrução, eu apenas pretendi demonstrar à Câmara que devemos estar prevenidos para que se não votem, de ânimo leve propostas como esta, não porque ela não seja trazida por um homem de bem, como o Sr. Ministro da Guerra, ou porque ela esteja por qualquer maneira tocada de má fé, mas porque devemos ter aprendido a ver, na lição tremenda dos factos, que nos ficamos sempre em palavras e não temos a coragem de atacar os fenómenos, por forma a acondicioná-los è nossa vontade.
Eu li uma vez num livro de Foch, que «o homem é vencido pelos factos quando se deixa dominar por êles e os aceita como Selo, porque, desde que os provoque, tem nessa provocação a única faculdade de os condicionar à sua vontade».
Isto não é só uma verdade militar, mas uma verdade de psicologia social, e nem a sciência da guerra é uma sciência particular.
Se a guerra fôsse uma sciência, teríamos tido através dos tempos muitos Aníbais, muitos Alexandres, muitos Napoleões e muitos Fochs.
Mas não. Êles aparecem de séculos a séculos, marcando a trajectória da vida com os valores do seu génio, porque a guerra não é uma sciência — é uma arte, e só na arte se revelam os génios.
Tenho dito.
Os Srs. António Maia e Agatão Lança não reviram os seus àpartes.
O Sr. Ministro da Guerra (Fernando Freiria): — Sr. Presidente: procurei ouvir, com a máxima atenção, a erudita e profunda dissertação apresentada pelo Sr. Tôrres Garcia, como combate ao parecer n.º 420, que está em discussão.
Igualmente prestei toda a atenção às considerações do Sr. Carvalho da Silva, que não vejo presente, relativas ao mesmo assunto.
De facto, Sr. Presidente, nas palavras proferidas pelo Sr. Tôrres Garcia, no seu extenso o bem documentado discurso, eu vi, mais do que um ataque à proposta, uma larga dissertação sôbre a organização do exército.
S. Ex.ª expôs doutrinas e princípios, dos quais, muitos, estão também no meu íntimo, mas que não foram pròpriamente aduzidos no momento oportuno, permita-me S. Ex.ª que lhe diga, sem a mais leve sombra de o querer melindrar.
Nós estamos em frente de factos consumados, que são consequência da legislação militar vigente, que eu não fiz e que tenho simplesmente de cumprir.
Assim, S. Ex.ª, falando sôbre a questão militar, muito principalmente no que diz respeito à parte administrativa, apre-