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Sessão de 27 de Abril de 1923
derassem, e que nesta hora já isto não fôsse uma proposta a discutir e que tivessem feito um verdadeiro acto de contrição, comparecendo às sessões com assiduidade, reparando o tempo perdido.
Desistam dêsse caminho; vamos discutir propostas de lei que sejam úteis ao País, e que nêste momento estão dependentes da aprovação do Parlamento, porque uma política de mistificações e de mentira nem engrandece o País, nem nobilita o Parlamento.
Não compreendo que se queira coonestar uma obra que tem sido nefasta para a República!
O Sr. António Fonseca está ouvindo-me?
O Sr. António Fonseca: — Sim senhor, mas, como já ouvi isso várias vezes, não estou disposto á assistir a reprises.
Risos.
O Orador: — É pena que V. Ex.ª não tivesse antes dito que retirava a sua proposta, porque assim evitaria as reprises!
Agora vou ver se acabo de convencer S. Ex.ª lamentando apenas a falta do atenção de S. Ex.ª, que eu não tomo por descortesia.
Vou ver se me explico melhor; de duas uma: ou S. Ex.ª não só convenceu por falta de atenção ou por deficiência da minha inteligência.
O Sr. António Fonseca: — Há ainda uma terceira hipótese: é a de V. Ex.ª não ter razão.
O Orador: — Toda a gente é obrigada a ser honesta e trabalhadora; mas a ser inteligente não.
V. Ex.ª não tem prestado atenção às minhas considerações, por isso não está convencido, ou é por deficiência minha, mas eu não sei empregar melhores argumentos.
Disse o Sr. António da Fonseca que já estava meio convencido, e não serei eu que gastarei muito tempo e se alguma cousa me tenho demorado, é em defesa da dignidade parlamentar, da minha própria dignidade, e por isso não acho demasiado o tempo que estou gastando em procurar convencer o proponente, pois é sempre bem empregado o tempo em salvar a instituição parlamentar, para prestígio do Parlamento do País.
A instituição parlamentar é ainda um dos melhores meios de os povos se governarem, não tendo o mal do posso, quero e mando.
O Sr. Presidente: — V. Ex.ª terminou as suas considerações?
O Orador: — Ainda não terminei; como o Sr. «António Fonseca disse que estava meio convencido e como vejo S. Ex.ª a falar com o ilustre leader da maioria, estava à espera que S. Ex.ª dissesse que retirava as suas propostas.
Sr. Presidente: disse o Sr. António Fonseca que a sua proposta não representa novidade, visto que o que S. Ex.ª pretende já se fez em tempo.
Não há dúvida de que assim é, mas eu, que venho desde as Constituintes, posso dizer a V. Ex.ª, Sr. Presidente, que então não havia na Câmara representação monárquica.
Confesso que, como republicano, não me envergonha essa fiscalização, porque sempre tive o maior respeito por todos os princípios, por todas as opiniões, por todas as crenças legítimas, porque reconheço, como reconhecem todas as pessoas que não sejam facciosas, que nem todo o País é republicano.
A presença daqueles Srs. Deputados, embora adversários do regime, é útil à República, e, por não existir essa fiscalização, quanta mágoa no meu coração de ter, como republicano, calado, por vergonha do regime, tanta cousa que aqui se fez, sempre com a esperança de que os homens que praticavam hoje um êrro, viessem amanhã a emendar-se.
Porque não havia fiscalização monárquica, praticou-se muitos erros, que eu tolerava pelo grande amor que tenho à República e sempre convencido de que a prática dêsses erros se não repetiria, mas infelizmente a reincidência no êrro tem sido constante para desgraça da República e do País, digo-o com profunda mágoa.
Mercê de altas desilusões, a fé já hoje não é a mesma, o entusiasmo vai decrescendo, mas, Sr. Presidente, apesar do to-