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Sessão de 30 de Abril de 1923
pedir a palavra, mas uma frase do Sr. Júlio Gonçalves obrigou-me a fazê-lo.
Essa frase define bem a intenção da maioria.
S. Ex.ª, em àparte ao Sr. Cancela, disse: «escusa de se cansar».
Isto, como disse, define bem a maneira como a maioria vota.
Podem-se apresentar os mais fortes argumentos que a maioria respondo: «escusam de se cansar».
Àpartes.
Uma voz: — Amanhã já o Correio da Manhã tem que dizer.
O Orador: — O Correia da Manhã e todos os outros jornais têm de mostrar Como as cousas se passam nesta Câmara, que quando se discute um assunto Com cuidado, se responde da parte da maioria que escusam de se cansar.
Isto mostra que a maioria, só quere impor o número, e o sectarismo nos trabalhos parlamentares.
Sr. Presidente: quero ainda levantar uma afirmação que foi feita, de que a discussão do Orçamento vai ser como no ano passado.
Não é assim.
V. Ex.ª, Sr. Presidente, sabe que o artigo 23-B foi sempre seguido e não se discutiu o Orçamento sem haver na sala o número de Deputados precisos, porque nós não consentimos que isso se fizesse.
Agora a maioria que vê que é incapaz de trabalhar, e tratando-se de um documento tam importante como o Orçamento, não está disposta a discutir, declara que não discute, e Só virá aqui impor a votação.
Era isto o que desejava dizer â Câmara.
Tenho dito.
O orador não reviu.
Antes de se encerrar a sessão
O Sr. Ministro das Colónias (Rodrigues Gaspar): — Sr. Presidente: com dolorosa comoção cumpre-me comunicar à Câmara que ao dia 24, pelas 3 horas da madrugada, naufragou no Cabo Frio o vapor Mossâmedes que trazia numerosos passageiros da costa oriental da África.
É uma notícia dolorosa, não só principalmente pelas vítimas que já se sabe que existem, como porque, tendo poucos, barcos de carreira para a África Oriental, vemos inutilizado um dos barcos dessa carreira.
Houve dificuldade de comunicação de bordo do vapor Mossâmedes e tanto assim que o primeiro vapor que podia prestar socorro e que se encontrava a 800 milhas, 850 recebeu essa comunicação na noite de 25;
Eu devia dizer à V. Ex.ªs que apenas o Alto Comissário de Angola teve conhecimento do desastre envidou desde logo todos os seus maiores esfôrços no sentido de mandar, em socorro do Mossâmedes as embarcações que tinha ao seu dispor porém, a nossa marinha colonial, como a Câmara sabe, é bastante reduzida, encontrando-se apenas em Angola o transporte Soares Correia, o qual se encontra em péssimas condições e com as caldeiras apagadas, porém, S. Ex.ª mandou logo seguir êsse transporte em socorro do Mossâmedes.
Devo dizer à Câmara que esse barco não só estava em péssimas condições de navegar, como ainda só dispunha do tenente, que o comanda, porém saiu logo que pôde, isto é, logo que teve as caldeiras acesas, para prestar socorro aos náufragos.
Eu devo dizer á Câmara que a primeira embarcação foi encontrada pelo Soares Correia, a segunda embarcação foi encontrada no dia 26 por um barco de pesca, a terceira foi encontrada por um dos barcos dos nossas valentes poveiros que andam pescando em Angola e a quarta embarcação encontrada por um vapor francês.
Sabe-se, Sr. Presidente, tristemente a primeira das embarcações se voltou com algumas mulheres e crianças, por motivo de se terem partido os gatos que suspendem as embarcações, tendo falecido umas sete ou oito pessoas.
Desde então para cá têm sido incansáveis os esfôrços do Sr. Alto Comissário, porém, até êste momento não há notícia da última embarcação.
Devo dizer à Câmara que a bordo do Mossâmedes iam bastantes mulheres e crianças, pois sabe-se que entre os 147 passageiros havia 23 senhoras e 34 crianças.