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Sessão de 2 e 7 de Maio de 1923
sito de tornar insolúvel as questões irritantes que surgem, mas a maioria também, não pode abdicar dos seus pontos de vista, simplesmente porque alguém se levanta a dizer que não concorda com a nossa orientação.
Apoiados da esquerda.
É possível entrar num entendimento, num bom, num honesto e digno entendimento entre a minoria nacionalista e a maioria democrática?
Não será dêste lado da Câmara que V. Ex.ª, Sr. Presidente, terá a menor oposição.
Apoiados da maioria.
É possível quebrar as arestas desta questão, que já se vem arrastando há dez dias, sem que tanto á minoria como a maioria fiquem deminuídas?
Tem V. Ex.ª, Sr. Presidente, dêste lado todo o apoio para isso.
E útil, é necessário e conveniente para o prestígio da República que os Partidos se entendam, mas dentro do caminho que cada um deve seguir.
O Sr. Moura Pinto em frases bem comovidas apelou para V. Ex.ª, para que pusesse termo a êste conflito.
Êste lado da Câmara dá o seu voto para que V. Ex.ª inicie as suas démarches, e pode V. Ex.ª ter a certeza de que não encontrará da nossa parte qualquer cousa que possa impedir, com honra para os dois lados, de encontrar uma solução.
O Sr. Agatão Lança propôs que se suspendesse a sessão até se resolver o conflito.
V. Ex.ª procederá como julgar conveniente.
Em nossa opinião, porém, entendemos que. isso não é necessário, e que podemos continuar a discutir, emquanto V. Ex.ª faz as suas démarches. Se porém V. Ex.ª julgar que é necessário para o bom êxito dessas démarches que a sessão se suspenda ou se encerre, a maioria não se oporá.
Quem assim procede mostra bem que não tem outro desejo que não seja êste: que os Partidos mutuamente se respeitem, porque não podemos ser respeitados lá fora, quando aqui dentro nos degladiar-nos.
E eu nunca compreendi que uma democracia possa viver, quando o seu mais. alto Corpo, o Corpo Legislativo, não merece consideração e respeito.
Tem-se achincalhado demasiadamente o Parlamento (Apoiados), e o que se passou hoje nesta sala não é de molde a prestigiá-lo.
Apoiados.
São para V. Ex.ª, Sr. Presidente, os nossos votos de que possa levar a bom termo a solução dum conflito que estalou contra nossa vontade, e que nós não queremos prolongar por mais tempo.
O orador não reviu.
O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: falo em nome duma minoria de oposição ao regime, mas isso não faz com que da minha bôca saiam quaisquer palavras que, ao de leve sequer, possam irritar o conflito travado entre a maioria desta Câmara e a minoria nacionalista.
Não acompanharei, como V. Ex.ª compreende, as considerações dos ilustres oradores que me antecederam no uso da palavra, no campo em que S. Ex.ªs as puseram, e não acompanharei porque eu apenas ouvi falar em República, e eu, que represento uma minoria hostil ao regime, não me vou ocupar da vida da República.
Mas entendo eu, e entende êste lado da Câmara, que uma cousa há que todos nós, Deputados de qualquer das suas parcialidades, monárquicos ou republicanos, temos o dever de não esquecer, nem sequer por um instante: é o prestígio do Parlamento, é o prestígio da representação nacional.
Apoiados.
Entendo que sôbre todos os assuntos a discutir nesta Câmara há o aspecto nacional, o aspecto que a todos os portugueses deve interessar.
Não há dúvida que é lamentável o conflito ocorrido entre a maioria e a minoria nacionalista, com a qual somos solidários no incidente que o originou, e faço votos por que V. Ex.ª, Sr. Presidente, consiga estabelecer a boa harmonia que deve existir entre todos os lados da Câmara, para que toda a gente — e não só os partidos republicanos, como foi frisado pelos oradores que me antecederam — possa colaborar no bem do País.
O bem do País não é pertença de republicanos nem de monárquicos; o bem do País interessa por igual a todos os portugueses, qualquer que seja o seu credo político.