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Diário da Câmara dos Deputados
são sem ser votado o orçamento do Ministério do Comércio.
Mas depois dessa resolução alguma cousa de imprevisto surgiu, e eu pregunto: se amanhã todos os Deputados nacionalistas, Deputados de um partido da República, abandonarem esta Câmara, os outros parlamentares pertencentes ao Partido Católico e os parlamentares independentes quererão continuar a nela trabalhar?
Eu entendo que, por cima da resolução que há pouco a Câmara tomou, será fácil passar, desde que nós por um momento, pondo de parte a votação realizada, dêmos um passo para a união e concórdia entre os dois partidos da República.
Eu tenho a convicção de que, se não tomarmos essa resolução, amanhã todos nós nos arrependeremos.
Nestas condições, eu ouso propor ao espírito esclarecido de V. Ex.ª, Sr. Presidente, e da Câmara, que esta sessão seja imediatamente suspensa, para que se possam fazer as démarches necessárias para se chegar a um acôrdo honroso entre os dois partidos, e para que a República continue a ser sorvida por cies; e para que nós não nos vejamos privados da companhia de homens que são patriotas e que procuram, a seu modo, servir a Pátria e a República com a mesma dedicação com que todos nós, republicanos, a procuramos servir.
Embora possa ter errado algumas vezes, e todos nós temos errado, o Sr. Cunha Leal, distinto oficial do exército, parlamentar de destaque, tem prestado à República os mais altos serviços em momentos bem graves, como foi êsse depois de 19 de Outubro, e seria uma infâmia que nós esquecêssemos êsses serviços neste momento.
Termino, formulando a seguinte proposta:
Que esta sessão seja encerrada a fim de se achar uma forma de conciliação entre os partidos da República desavindos, e que a Mesa seja encarregada dessa missão.
Procedendo assim, eu julgo ter prestado um serviço à República e à minha Pátria, e é essa a única consolação que eu tenho, sem receio de que alguém me procure acoimar de que quis servir os interêsses de A, B ou C.
O Sr. José Domingues dos Santos (para explicações): — E na verdade melindrosa a situação da maioria parlamentar.
A maioria parlamentar tem o seu fim, que é fazer aprovar os orçamentos dentro do prazo marcada pela lei.
Apoiados da esquerda.
Dentro dêsse critério, sem violências e sem enxovalhes, ela tem procurado seguir o seu caminho.
Não sei a que propósito veio nesta hora a discussão sôbre mais ou menos republicanismo.
Apoiados da esquerda.
Dêste lado da Câmara ninguém sancionou quaisquer palavras que porventura significassem o propósito de ter em menos conta o republicanismo da minoria nacionalista.
Apoiados da esquerda.
Eu por acaso tenho uma especial autoridade para assim falar, porque no congresso do meu Partido tive ocasião de afirmar que para aqueles republicanos filiados em outros partidos, e que, seguindo embora uma trajectória diversa tinham o mesmo fim, a posição do Partido Republicano Português devia ser esta: olhos leais e mãos leais para êles estendidas.
Quem assim fala, quem assim procede, não pode ser acusado de querer levantar questões irritantes nem tam pouco de passar atestados de menos republicanismo aos outros.
Era já tempo do acabarmos com esta scie de nos julgarmos mais ou menos republicanos do que os outros. Por mim não me julgo mais republicano ou menos republicano, do que os homens que se assentam naquelas bancadas.
Era bom que isto se afastasse da discussão.
O que nesta hora se discute é se se deve seguir ou não o que propôs o Sr. António Fonseca, e que foi sancionado pela maioria.
Pelo facto de nós termos uma opinião diversa da minoria, segue-se daí que queiramos fazer um agravo a quem assim não pensa?
Então porque não há-de ser o inverso?
Em todos os Parlamentos são as maiorias que decidem, e no nosso assim tem sucedido sempre.
Dêste lado da Câmara não há o propó-