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Sessão de 2 e 7 de Maio de 1923
homem que nunca foi senão republicano, e que tem conseguido sempre o que outros não têm alcançado — ser honrado.
Acredite V. Ex.ª que, se alguma vez pronunciei palavras irreflectidas, foram conseqüência de azedumes largamente amalgamados dentro da minha alma.
Deixo atrás de mim companheiros que estimo e prezo.
Não podendo ser outra cousa na política senão republicano, declaro que não quero continuar a ser militante de uma política em que é preciso, a toda a hora, cada um puxar pelos seus pergaminhos.
O orador não reviu.
O Sr. Moura Pinto: — Tenho estado há longo tempo afastado da atitude combativa que tomei nos primeiros anos em que estive nesta Câmara.
Sinto que qualquer cousa de grave vai surgir desta sessão, e rogo por isso a V. Ex.ª e à maioria, em nome dos compromissos quê temos perante a Nação, perante o estrangeiro, perante todo o mundo e até perante nós próprios, que não dêmos passos irremediáveis, daqueles de que resultam complicações sucessivas até chegar ao perigo máximo, que é o ódio máximo.
Tenho talvez uma autoridade especial para dizer isto, porque ninguém me pode acusar de insistir em atitudes combativas quando reconheço que são perigosas.
Sr. Presidente: faço aqui acto de penitência de todas e quaisquer palavras que eu porventura tenha proferido e que fossem susceptíveis de avolumar ou provocar ódio, garantindo a V. Ex.ª, sob minha palavra de honra, que, ao falar no Parlamento, sempre tive o intuito de bem servir a causa da Pátria e da República.
Mas reconheço que, sendo sincero e pretendendo ser justo, eu porventura contribuí também para a catástrofe, donde não vem nem remédio nem vantagem para a República.
Peço à maioria que pense, que medite, que reflita nas circunstâncias graves que surgem dêste incidente que se vem arrastando há oito dias.
Quem nos diz que a maioria, que julga vencer, não fica vencida e que porventura não ficamos vencidos todos nós?
Apelo para V. Ex.ª, Sr. Presidente, em nome da Pátria e da República.
Apelo para todos os republicanos e principalmente para V. Ex.ª, a fim de com a sua autoridade procurar sanar êste lamentável incidente e remediar ou evitar casos mais graves que ainda possam surgir.
O Sr. Tavares de Carvalho: — Diga que casos graves são êsses.
O Orador: — Um dêsses casos graves é haver aqui certos Deputados.
Agitação.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando nestes termos restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Tacares de Carvalho não fez a revisão do seu «àparte".
O Sr. Presidente: — Peço atenção e prudência.
O momento que passa é demasiado grave.
S. Ex.ª não reviu.
O Sr. Agatão Lança: — Não pertenço a nenhum partido da República, mas espero de todos os republicanos o favor e a justiça de me não alcunharem de talassa.
Desde que entrei nesta casa do Parlamento, nunca sofri, como agora, o pêso de um desgosto tam grande e que tam profundamente fizesse afectar e vibrar os meus sentimentos de republicano.
Nunca senti, como hoje, o pêso de amargos dias que porventura se vão passar e que fará sofrer ainda mais esta república, à qual dediquei o melhor da minha alma!
Sr. Presidente: eu verifico, com imensa mágoa, uma incompatibilidade entre os partidos da República, e por isso eu apelo para a consciência de todos os parlamentares que me ouvem, a fim de que meditem no que de grave pode surgir, não só para o prestígio do Parlamento, mas para a segurança, tranqüilidade e vida do regime, o qual, creio, todos os republicanos pretendem bem servir.
Sr. Presidente: não sei como poderá terminar êste conflito, que parece irredutível e que dura há oito dias.
Eu sei que esta Câmara tomou há pouco a resolução de não interromper a ses-