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Diário da Câmara dos Deputados
que se defenda a genuïnidade dum produto que tem fama mundial.
E o Douro não se importa que o sul exporte os seus vinhos — e quando me refiro ao sul, refiro-me exclusivamente ao distrito de Santarém, porque é dele que se trata, refiro-me a uma panelinha que existe.
O Douro tem interêsse em manter as melhores relações com os viticultores do sul, e, portanto, não digam que se trata da questão do sul, mas da questão de uma panelinha, repito, cujos componentes eu bem conheço.
Feita esta declaração, devo dizer que o Douro não quere proibir ao sul que fabrique os seus. vinhos licorosos — isso era mesquinho — o que não quere é que êles sejam vendidos ou exportados como sendo vinhos do Douro.
O tratado da Noruega, por exemplo, satisfaz plenamente o Douro e nobilita o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, porque ficam garantidas as marcas do Pôrto e da Madeira. O que se não pode consentir é que vão para França as mistelas dos vinhos do sul como vinho do Pôrto, quando a França é um país extremamente conhecedor de vinhos e os tem excelentes, de forma que só nos convém, para não perdermos aquele mercado, que vão para lá os genuínos vinhos do Pôrto.
Só assim o tratado de comércio com a França deve ser realizado, e para isto chamo a atenção do Govêrno.
De outra forma acontece o seguinte: o Sr. Carlos Gomes, o Sr. Álvaro de Lacerda e outros; a nossa Câmara de Comércio em Paris que é presidida por um francês...
O Sr. Leote do Rêgo: — Eu devo esclarecer V. Ex.ª de que êsse senhor é português autêntico.
O Orador: — Agradeço a V. Ex.ª a informação, e aproveito o ensejo para em nome da minha região apresentar as nossas homenagens ao nosso Ministro em. Paris, pelos muitos serviços que lhe tem prestado.
O Sr. Leote do Rêgo: — E curioso que, tendo prestado tantos serviços, mande deslocar os dossiers para serem discutidos aqui.
O Orador: — Eu devo dizer a V. Ex.ª que isso foi uma calúnia que se levantou Sr. Presidente: parece-me que tratei esta questão com um bocadinho de entusiasmo, mas isso é filho do meu. temperamento e por me sentir bem a defender uma causa justa.
Nós vamos fazer um tratado de comércio com um país essencialmente vitícola, e ao cabo de alguns anos nós teremos perdido absolutamente o mercado francês.
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem.
O discurso será publicado na íntegra? revisto pelo orador, quando nestes termos restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Leote do Rêgo não fez a revisão dos seus «àpartes».
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Leite Pereira): — Sr. Presidente: parece que estamos a viver num período excepcional de alarmes e de perturbações nos espíritos, a propósito de tudo quanto se projecta fazer em matéria de tratados ou convénios comerciais entre Portugal e qualquer nação estrangeira.
Há dias eu tive ocasião de pronunciar nesta Câmara algum as palavras em resposta ao discurso do ilustre Deputado Sr. Paiva Gomes, sôbre o acôrdo comercial que está sendo negociado entre Portugal e o Brasil.
Suponho que disse o suficiente para tranquilizar a opinião pública no que diz respeito ao reconhecimento dos direitos que o Govêrno reconhece aos produtos coloniais, de maneira a que êles não sejam prejudicados por quaisquer negociações que porventura se façam entre Portugal e o Brasil.
Essas minhas palavras foram proferidos na boa intenção de tranquilizar os espíritos perturbados e de assegurar às colónias que o Govêrno Português, não deixa de se interessar vivamente pelos seus direitos, vendo neles um largo futuro para a obra do ressurgimento nacional.
As negociações que entre Portugal e o Brasil foram iniciadas estão presentemente suspensas, apenas, porque o Govêrno Brasileiro, em matéria de negociações