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Sessão de 4 de Julho de 1923
bra de menos respeito pelo Alto Comissário de Angola.
A administração do Sr. Norton de Matos tem sido em geral boa, mas tem sido também um pouco personalista, e nós não devemos esquecer a nossa atribuição como legisladores.
Cumpre, pois, ao Parlamento da República, que está acima de todos os Altos Comissariados, chamar a atenção do Sr. Ministro das Colónias para todos os problemas de Angola.
Mas eu creio que também o Sr. Ministro das Colónias não fará mal nenhum ainda em nos elucidar sôbre a situação desgraçada das outras colónias.
Sr. Presidente: encurtarei um pouco as minhas razões, todavia não posso deixar do tocar no problema financeiro.
Se nós fôssemos ler a imprensa afecta ao Sr. Ministro das Finanças, nós chegaríamos à conclusão que uma nova aurora — sem reclame ao Diário de Noticias — tinha raiado neste país. Orçamentos equilibrados, empréstimos maravilhosos, crédito dos 3 milhões de libras, que o Sr. Ministro aqui exaltou dizendo que pela primeira vez em Portugal a Inglaterra nos concedia créditos depois da guerra, acôrdo Bemelmans, emfim, muitas cousas favoráveis à nossa economia, tudo isso nos deu o actual Govêrno!
Mas veja a Câmara: negoceia-se um crédito de 3 milhões de libras em Inglaterra, depois recebem-se mercadorias na importância de 1 milhão do libras pelo acôrdo Bemelmans; 40 que quere isto significar?
Significa que a economia nacional foi aliviada, na gerência actual, da importância de 4 milhões de libras; e se nós repararmos que as nossas importações eram avaliadas em 12 milhões nos períodos áureos, verificamos que a economia não é má o que na balança de contas surgirá um elemento favorável: é que tinham vindo mercadorias sem termos necessidade de exportar ouro.
Pois realiza-se isto tudo, o Orçamento está quási votado, e, maravilha das maravilhas, o Sr. António Maria da Silva bate o record na estada do Poder, e cousa curiosa: a libra passa de 60$ para 100$!
Apoiados.
Nós não queremos acusar a acção do Govêrno; mas o público é simplista o então, embora lhe digam as cousas mais fabulosas do Govêrno, êle sente que a vida se agrava cada vez mais, porque o custo da vida aumenta dia a dia.
Todavia, talvez o Govêrno não compreenda a correlação que há entre o valor da libra e o custo da vida, por isso que faz publicar um decreto, que é o dos lucros ilícitos, onde não se atende a essa correlação e cujos resultados, por isso, foram nulos, dando-nos a impressão de que ou o Govêrno está combinado com os comerciantes, porque não é condenado ninguém, ou não há realmente êsse bando de salteadores no País que o Govêrno nos indicava haver no relatório que precedia o decreto.
Apoiados.
Protestos da esquerda.
E então, ou os elementos de execução estão também feitos com os tais comerciantes, ou não compreendo como é que o Govêrno assiste impassível ao ruir da sua obra, e o custo da vida continua a subir assustadoramente.
Sr. Presidente: emquanto a proposta do empréstimo interno não foi lei neste país, ou combati-a o mais que pude, com os modestos meios de que um parlamentar dispõe nesta Câmara.
Uma vez, porém, que essa proposta foi aprovada o empréstimo totalmente subscrito, assiste-me o direito de pregun-ar: Porque é que o câmbio continua na mesma situação?
O câmbio devia melhorar, porque a confiança renascia, segundo ouvi apregoar tanto. E essa confiança nos destinos do Pais, na acção do Sr. Ministro das Finanças e na obra governamental não deu os resultados que seriam para esperar.
Toda a gente penso que o Sr. António Maria da Silva seria a ave rara que um dia voaria sôbre êste País para fazer a nossa felicidade. Mas o câmbio não melhorou, ou porque há cumplicidade com os elementos que querem estrangular o País — e eu não acredito que a especulação possa ter os tétricos efeitos que muita gente julga — ou então porque o País está sendo estrangulado por meia dúzia de bandidos, e, neste caso, porque é que o Govêrno os não mete na ordem, isto é, na cadeia?
A não ser isto, temos de chegar à con-