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Sessão de 4 de Julho de 1923
reparações como pagamento já efectuado ao Govêrno Português?
Mas se as não vai ceder, que desorientada política financeira é esta, que leva ao esquecimento de inscrever os juros e amortizações destas quantias, que são importantes no Orçamento do ano económico futuro?
Como se compreende que falte no Orçamento a inscrição de verbas, em matéria de receita, na importância de 86:400 libras?
Não será isto o fruto de ninguém pensar a sério na nossa situação?
Mas, Sr. Presidente, esta falta não é que a mina me aterra, o que me aterra é o sintoma que revela: é a circunstância de se poder pensar que assim como o Govêrno se esqueceu de inscrever no Orçamento essas 80:400 libras, se esqueça amanhã também de as mandar cobrar.
Esta é a nossa posição quanto ao problema das reparações.
Estamos assistindo ao desenrolar duma tragédia no mundo; comparticiparemos dela amanhã se fôr preciso, como comparticipámos ontem; contudo, conservamo-nos indiferentes como se nada tivéssemos com o assunto.
Que se tem feito em política externa para salvaguardar os nossos interêsses?
O que é que se tem procurado fazer perante a natural luta dos povos interessados?
Recordo à Câmara os fracassos recentes provenientes da denúncia do modus vivendi com a França.
Quási que posso garantir, pelo que conheço do espírito francês, pelas pessoas altamente interessadas na resolução do problema, que seriam dentro da França os nossos, melhores auxiliares, que só um lapso lamentável, só o esquecimento de encaminhar com cuidado êste problema, permitiu que chegássemos a êste ponto.
Quando eu e o Sr. António da Fonseca tivemos a desgraça de ir a Bordéus, e digo desgraça porque não sei se alguém, ficou lamentando as libras que lá fomos gastar, quando lá fomos, repito, devido à brilhante acção do Sr. António da Fonseca, conseguiu-se arrancar um voto em Bordéus e, cumulativamente, um voto na Conferência Inter-Parlamentar do Comércio, em que se fez a defesa das nossas marcas de vinhos.
Era representante do Govêrno Francês nessa ocasião o Sr. Richard, que afirmou ser necessário combinar uma acção dos Govêrnos de todos os países produtores, fazendo-se representar numa determinada reunião para defesa dos seus interêsses.
Devo dizer que o espírito francês era nessa ocasião tam favorável para os nossos interêsses, que entidades oficiais francesas, em conversas particulares, nos diziam claramente que estavam dispostas a colaborar numa determinada campanha contra os misteloiros. porque consideravam uma vergonha consentir se nessas falsificações, mas que havia uma certa influência eleitoral dessas pessoas, sendo necessária uma grande acção para as levar de vencida. Ainda antes de partir para Paris, o Sr. Richard me dizia que pensava que os seus esfôrços dariam bom resultado se se levasse a efeito a tal reunião.
Suponho, portanto, não ter havido da nossa parte uma acção concordante com estes bons desejos, não sabendo aproveitar as simpatias que havia para comnosco. Suponho ainda que foi devido a uma política de desleixo, de falta de cuidado que permitiu que Portugal, como país exportador de vinhos para França, fôsse colocado tal como está.
Também creio que foi devido a desleixo, a falta de entendimentos diplomáticos e a fraqueza de acção da parte do Sr. Ministro dos Estrangeiros, que nós perdemos em absoluto o mercado de Itália, que era um dos nossos melhores mercados de conservas.
Tem sido êste, sob o ponto de vista comercial, o efeito da política externa do Sr. António Maria da Silva.
Eu não quero tomar tempo à Câmara, mas direi ainda que sôbre êstes acôrdos só o realizado com a Noruega é o que traz alguma vantagem, mas ainda assim nós damos muito mais do que recebemos. -O que se tem feito não me parece que seja de uma boa política, e o facto é que quando o Sr. Presidente do Ministério tomou conta do Govêrno nós tínhamos os mercados abertos em Franca e agora, com o Govêrno do Sr. António Maria da Silva, ao cabo de dezoito meses, nós vemos que êsses mercados estão fechados.
Sr. Presidente: PU sei que estou fatigando a Câmara (Não apoiados), mas te-