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Sessão de 5 de Julho de 1923
O Orador: — Pelo desconhecimento dos factos muitas vezes são êles alterados. Por exemplo êste: à última hora, dez dias antes das últimas eleições, a pedido do Deputado Sr. Agatão Lança, eu telegrafei para Angola para que se interessasse pela eleição dos Srs. Lúcio Martins e Leote do Rêgo.
Pois o governador geral, Sr. Norton de Matos, chamou o filho do Sr. Leote do Rêgo e disse-lhe que se desinteressava pela eleição de seu pai.
Não se trata de uma acusação, mas de uma veemência que levou o Sr. Norton de Matos a praticar um êrro.
Aqueles que julgam que à sobreposse podem exercer sôbre mim pressão, hão-de saber que eu posso ficar ao lado de um amigo combatendo-o, mas nunca o abandono.
O Sr. Presidente: — Deu a hora para se passar à segunda parte da ordem do dia.
Vozes: — Fale, fale...
O Orador: — Agradeço à Câmara a sua atenção.
E bom que os homens se julguem também pelo respeito que merecem as suas atitudes anteriores e não se julgue que estão a sôldo de quaisquer ambições.
Eu estou aqui para dizer o que sinto; tanto me importa êste como aquele, mas nunca usando processos como aquele de que para mim se lançou mão.
Eu para atacar o Sr. Presidente do Ministério não me servi do nome de nenhum dos seus amigos. Ataquei-o respeitando a sua posição e a sua dignidade e com argumentos aos quais S. Ex.ª, respondeu com palavras sem ligação nem nexo.
Peço ao Sr. Presidente do Ministério que me responda com argumentos e não com o nome dos meus amigos que eu sei defender como defendo a Pátria e a República.
Apoiados.
Tem S. Ex.ª de reconhecer que a missão das oposições é atacar e a dos govêrnos a de se defenderem.
Teve S. Ex.ª palavras que se referiam a mim próprio, como por exemplo esta: «que se me acompanhasse se sentiria diminuído».
4 Onde e quando é que o Sr. Presidente do Ministério, acompanhando me na minha argumentação, se deminuíu?
Onde e quando?
Há só uma circunstância que porventura impediria o Sr. Presidente do Ministério de me acompanhar; é não ter pernas para isso.
Risos.
Mas nessas circunstâncias, eu peço à maioria que lhe sirva de muleta e que renove as insuficiências próprias do Sr. Presidente do Ministério.
Apoiados.
Disse o Sr. Presidente do Ministério que quem ouvisse as minhas palavras havia de dizer que eu lhe tinha deixado como sucessão, quando abandonei a Presidência do Ministério, um El Dorado, e que êle tinha de tal forma transtornado as cousas que actualmente nós poderíamos considerar a situação como um El Encravado!
De facto eu deixei a S. Ex.ª se continuo a afirmá-lo, uma situação diferente da actual. Deixei os republicanos de situação regular e em paz.
É certo que a situação não era desanuviada, e porque não reconhecer os serviços do Sr. Presidente do Ministério?
Realmente S. Ex.ª nos seus equilíbrios, nas suas flexibilidades, comprando uns e amarrando outros, fazendo jogar o cofre do Ministério do Interior, instalando a desconfiança nos revolucionários, conseguiu um equilíbrio rotativo e nós somos-lhe gratos por isso, pois na verdade temos que reconhecer que S. Ex.ª é um homem feliz.
Apoiados.
Eu sei que S. Ex.ª não agrada a gregos nem troianos, e talvez seja essa a condição dos govêrnos, mas S. Ex.ª leva muito longe essa condição, porque não agrada às oposições quando as persegue.
Apoiados.
Assim eu lamento que S. Ex.ª respondesse da maneira como respondeu, figurando de mais a mais, segundo diz, nas listas de morte que dizem para aí que existem e que até figuram nos jornais, sem que o Sr. Presidente do Ministério procure investigar de onde vêm as informações dêsses jornais!
Apoiados.