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Sessão de 18 de Julho de 1923
mês aparece como a figura principal do drama. O Sr. Azevedo Gomes, indisciplinado, e rebelde em todas as suas manifestações oficiais, criou nos hospitais por onde tem passado uma atmosfera de franca e aberta hostilidade entre os seus colegas.
Era eu director dos hospitais e tendo recebido uma carta em que se me pedia para mandar internar, na enfermaria de S. Francisco uma mulher que era pobre, escrevi ao Sr Azevedo Gomes para que êsse pedido fôsse devidamente atendido. Pois o Sr. Azevedo Gomes, o ilustre — nesta terra todos são ilustres, mesmo os mais incompetentes — clínico Sr. Azevedo Gomes, rasgou o meu pedido e dele mais não fez caso. Pregunto ao Sr. Ministro do Trabalho, sim, eu pregunto no ilustre Ministro do Trabalho o que teria feito S. Ex.ª no meu caso.
Funcionário da minha confiança, tendo-me faltado ao respeito, demiti-o no uso pleno dos meus direitos. Veiu o Sr. Vasco Borges e, numa revoada de insânia e de estupidez, que S. Ex.ª me perdoe o termo, se quiser, redige um diploma de louvor ao Sr. Azevedo Gomes, deixando-me assim na escuridão, quando é certo que eu só tinha aceite o cargo de director dos hospitais em comissão extraordinária e gratuita e tinha, na verdade, feito administração. A propósito, lembrarei que, tendo em Setembro de 1921 findado o contrato com as Companhias Reünidas Gaz e Electricidade, por virtude da alteração do preço, de futuro, passávamos a despender 170. 000$, em vez dos 20. 000$ que pagávamos até então. Passei uma ordem de serviço para que se gastasse o necessário e se economizasse o máximo; mas eu, director dos hospitais em comissão extraordinária e gratuita, que deixava o cómodo da minha casa, que deixava a minha família, que largava a minha clínica, porque alguma tinha e a perdi para ocupar aquele cargo, tive de castigar toda a gente, porque os hospitais de noite estavam iluminados sem necessidade alguma, gastando-se assim rios de dinheiro.
Dizem hoje os jornais que eu afirmei ter Mendes Esteves, fiel da lavandaria, cometido um roubo. Eu não afirmei tal cousa, mas sim que êsse homem ocasionou aos hospitais um prejuízo de 11:000 lençóis e de 4:000 camisas que desapareceram. Não roubou, mas deixou roubar, e, portanto, devia ter sido demitido. O Ministério do Trabalho, gerido então pelo Sr. Lima Duque, castigou-o apenas com dez dias de suspensão.
Há um processo de insubordinação, facto êste que quási causou a morte do director Lobo Alves, e, no emtanto, o Sr. Ministro não o trouxe à Câmara. Porque? Mais uma vez acuso o Sr. Ministro de incompetente, porque devia conhecer os negócios da sua pasta, e sou eu que venho aqui trazer êstes casos. S. Ex.ª devia vir armado da sindicância que Roldan y Pego tem guardada na sua secretária.
A enfermeira Maria do Carmo Lopes tinha em face dos regulamentos hospitalares, o direito de substituiria enfermeira chefe do Banco que eu demiti.
Sôbre êste assunto, ou, por outra, sôbre a competência que eu tinha para nomear e demitir funcionários, foi ainda a Procuradoria Geral da República que deu o seu parecer favorável, pois só não podia demitir aqueles funcionários que fossem de nomeação ministerial.
Essa enfermeira foi demitida, porque falsificara as guias das roupas; pois se ela foi readmitida, bom era que se readmitisse aquele funcionário que. eu demiti por motivos que neste lugar não posso dizer.
O Sr. Presidente: — V. Ex.ª tem apenas três minutos para concluir hoje o seu discurso.
O Orador: — Pouco, mais tempo levarei à Câmara; queira V. Ex.ª consultá-la.
Vozes: — Fale, fale.
O Sr. Presidente: — O Sr. Hermano de Medeiros pede-me para consultar a Câmara sôbre se permite que fale por mais algum tempo, com pouco prejuízo da ordem do dia.
Consultada a Câmara, permitiu que falasse.
O Orador: — Agradeço a V. Ex.ª e à Câmara a imerecida honra de ter atendido o meu pedido.