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Sessão de 5 de Agosto de 1923
Pátria e da República, alguns deles, sacrificando todas as conveniências pessoais todas as suas ambições porventura as mais legítimas que pudessem ter, procurando, simplesmente o engrandecimento da Pátria e da República.
Pela maneira por que as cousas vão seguindo, eu que não tenho partido, eu que não estou filiado em nenhum partido da República, porque estou filiado no grande partido da Democracia a que dedico o maior amor da minha vida, prevejo maus dias no futuro, não pelas dificuldades, segundo o meu critério, da resolução dos problemas pendentes, mas ainda mais pela falta de savoir faire que devia distinguir os homens que têm estado no Poder.
Não basta sermos pessoas inteligentes, não basta sermos pessoas muito sabedoras, é necessário também sermos pessoas que mostremos civilidade com o nosso semelhante.
O Govêrno não necessitava que a maioria desrespeitasse o Regimento, pois não foi outra cousa senão desrespeitar o Regimento o marcar-se sessão para hoje. O Govêrno poderia convocar o Parlamento extraordinariamente para reunir em qualquer dia, mesmo depois de amanhã, visto que o de amanhã é destinado para a eleição presidencial.
A reunião de hoje é ilegal, e contra ela lavro o meu protesto. Ninguém poderá ver nas minhas afirmações a mais leve sombra de facciosismo político; elas devem ser interpretadas dentro da pureza com que saem do meu espírito republicano:
Eu fui dos que trabalharam pela organização do grupo de Deputados independentes, para se facilitarem os trabalhos da Câmara e a vida do Govêrno do Sr. António Maria da Silva.
Procedi assim com o intuito exclusivo de prestar um serviço ao País.. O que se verifica é que o Govêrno não tem correspondido à confiança que neste tínhamos depositado; não, certamente, por falta de inteligência dos ilustres Ministros, o que não me compete apreciar, mas por outras quaisquer razões de que resulta nada ter feito de útil ao País.
A única cousa a apreciar é a manutenção da ordem, e ainda assim é êsse um dos pontos para que desejo chamar a atenção da Câmara,
Eu como republicano não queria a manutenção da ordem pelo processo que o Sr. António Maria da Silva tem empregado; eu preferia, como republicano, como cidadão e como militar, que se dêsse uma vez a desordem para depois se manter, a ordem, mas não com a transigência, com as habilidades que todos temos presenciado.
Eu não queria que se mantivesse a ordem socorrendo-se o Govêrno dos elementos mais nefastos, mais desordeiros que há dentro desta cidade, consentindo a bandidos da pior espécie, a criminosos de direito comum, o percorrerem livremente as salas do govêrno civil, o subirem as escadarias dos Ministérios e virem até as salas do Parlamento.
Não é essa a ordem que eu desejo; não foi essa a ordem que eu ajudei a manter quando estive no govêrno civil durante o Govêrno de concentração republicana presidido pelo Sr. Cunha Leal.
Nessa ocasião manteve-se a ordem em Lisboa, e numa altura bem mais perigosa que a actual; mas manteve-se agarrando-se os criminosos e atirando com êles para as cadeias; manteve-se fechando as casas de tavolagem...
Àparte do Sr. Correia Gomes, que não se ouviu.
O Orador: — Meti nos calabouços muitos dos correligionários de V. Ex.ª
Já que o Sr. Correia Gomes me interrompeu, devo ainda dizer a S. Ex.ª, em abono da verdade e como homenagem à justiça, que nunca do Presidente do Govêrno e Ministro do Interior sofri a mais pequena sugestão para me desviar do caminho que tinha traçado.
Nunca dos outros partidos da República eu recebi quaisquer pedidos, ao passo que por parte do partido de S. Ex.ª fui procurado por um ilustre membro do Directório que me apresentou um determinado batoteiro, dono duma casa de tavolagem, antigo Deputado democrático, cujos dotes de inteligência são demasiadamente conhecidos, e que, duma maneira insólita e impertinente, queria que eu pusesse fora do calabouço um seu cunhado bacharel em Direito.
Obrigaram-me até a dizer que, se quisesse continuar a conversa nos termos em que o estava fazendo, eu o convidava