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Diário da Câmara dos Deputados
a marcar local e hora, quando eu, Armando Agatão Lança, e não governador civil, pudesse dirimir a questão pessoalmente.
Mas em determinado dia a cousa foi mais grave, porque apareceu muito peixe graúdo, e então moveram-se altas influências para que pusesse uma pedra sôbre o caso.
Vieram até dizer-me, em tem de confidência, que era preciso fechar os olhos, porque aliás o escândalo seria enorme, visto que entre as pessoas figurava um irmão do Sr. Presidente do Ministério.
Evidentemente que êste estratagema não deu resultado, porque o Sr. Cunha Leal só tem um irmão que nunca entrou numa casa de batota, e que vivia na Covilhã.
Creio assim ter respondido ao Sr. Correia Gomes, e julgo ter uma autoridade muito especial para poder criticar a falta de acção do Govêrno, relativamente à repressão do jôgo.
Eu tenho autoridade para juntar os meus protestos aos do Sr. Vasco Borges, que dentro da maioria democrática S. Ex.ª tem sido o arauto intemerato contra o jôgo.
E assim é que, estando eu ontem a jantar em casa de uma pessoa de família, apareceu um amigo meu, que vinha da Ericeira, e que me informou de que naquela localidade se dizia que o Sr. Vasco Borges tem ventilado aqui a questão do jôgo porque o Sr. Fausto de Figueiredo lhe havia dado 200 contos.
Como V. Ex.ªs vêem, como prova de infâmia, não há melhor.
Há quatro meses, eu pedi ao Sr. Ministro do Interior que me fornecesse as contas que o governador civil tinha recebido de várias casas de batota, e até hoje não recebi essas notas.
Só falta que alguém da parte do Govêrno me venha dizer que não foi recebida quantia alguma pelo Sr. governador civil.
Sabe a maioria, sabe o Govêrno, sabem todas as autoridades, que no govêrno civil entravam quantias das casas de batota para irem para casas de caridade.
Pois ainda ninguém se levantou para dizer, se isto é legal!
É esta maioria que apoia um Govêrno que tem autoridades que não cumprem a lei!
O Sr. Paiva Gomes (interrompendo): — Mas essa maioria tem o apoio de V. Ex.ª
O Orador: — Não tem, como já o provei numa moção de confiança, em que votei com declarações!
É a maioria a culpada de haver neste país um Govêrno que não cumpre as leis; é a maioria que o sustenta contra a vontade da Nação!
O Sr. Paiva Gomes (àparte): — A maioria até é a culpada, de fazer a República!
O Orador: — Eu não digo que todos os males da República tenham sido causados pelo Partido Democrático, e tenho muitas vezes feito justiça aos seus homens e arriscado ao lado dêles a minha vida.
Muitos apoiados.
Não ataco o Govêrno, por atacar, porque alguns dos seus membros me honram com a sua estima e amizade, mas também não tenho a preocupação de áer agradável a A ou a B.
Não é novidade para ninguém que eu em 1920 ataquei o Grupo Liberal, onde tenho amizades, que no meu coração têm um lugar especial da minha estima.
Mas apesar disso, eu abnegaria dos meus princípios e faltaria à minha fé de republicano se deixasse de dizer que o Govêrno que se senta nas cadeiras do Poder, há muito que já as devia ter abandonado, porque não tem feito absolutamente nada daquilo que era mester que fizesse.
Eu vou ser claro, visto que o Sr. Correia Gomes me pediu para o ser.
Então eu que sou tam pouco político que até sei falar claro, cousa que o Sr. António Maria da Silva nunca conseguiu, devo dizer que quando há pouco dizia que a ordem pública, como o Sr. Presidente, do Ministério a tem mantido, a não queria, não conclui a êsse respeito as minhas considerações, mas vou concluí-las agora, o certamente conseguirei o pasmo da Câmara.
É que eu profetizo que a ordem, a continuar a ser mantida como o Sr. António Maria da Silva a tem mantido, acarretará