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Sessão de 5 de Agosto de 1923
a Presidência, por sugestão da maioria, quis apenas colhêr à oposição de surpresa.
Vimos defender o nosso direito, e, quando o Sr. Álvaro de Castro afirmou o seu direito, o Sr. Presidente do Ministério, pela primeira vez, tomou uma atitude de desafio e de arrogância. E porquê?
Porque S. Ex.ª quere conservar-se no Poder. É isso uma virtude quando se pretende fazer uma obra, mas deixa de o ser quando se quere satisfazer apenas, uma vaidade.
Tem o Govêrno maioria para fazer funcionar a Câmara?
Se a tem, porque lança mão de outras armas, independentemente desta?!
Ontem o Sr. Presidente do Ministério andou afável, de carteira para carteira, sempre gentil e amável; hoje usou de modos arrogantes, que julgou serem as melhores formas de nos atacar.
Porque não apresenta S. Ex.ª contra os nossos argumentos os seus argumentos?
O Sr. Presidente do Ministério acusou-nos, em suma, de quê? De ambição do Poder. Santo Deus! Pois não é por virtude do nosso demasiado desinteresse que se têm feito as maiores acusações àqueles partidos que, pela sua fusão, constituíram recentemente o Partido Nacionalista?
Pois não se dizia que os antigos liberais fugiam do Poder como o Diabo foge da cruz?
Pois não eram os nossos próprios correligionários que, em assembleas partidárias, em congressos, nos vinham trazer a convicção de que éramos demasiadamente tolerantes, de que por vezes nos confundíamos, de que o nosso patriotismo nos levava sempre a abdicar do nosso modo de ver, porque o Sr. Presidente do Ministério tem sempre a sorte de na hora própria surgir um espantalho para nos fazer parar: o da ordem pública ou outro que não quero agora mencionar.
Se somos êstes homens desambiciosos, dando por vezes ao País a impressão de que não somos um Partido de Govêrno, porque o não são aqueles que sistematicamente repelem o Poder, como é que aparece agora o Sr. Presidente do Ministério a fazer-nos tal acusação?
Não haverá algumas razões para os nossos protestos, para os nossos ressentimentos?
As nossas razões tivemos ocasião de as expor em muitas sessões. Afirmámos que o Govêrno tinha feito uma obra estéril, quando não prejudicial.
Examinámos, parte por parte, a obra dos respectivos titulares que, com raríssimas excepções, entre as quais figura em primeiro lugar o Sr. Ministro da Instrução, apenas produziram um trabalho nitidamente contrário aos interêsses do País. Dir-nos hão que estamos enganados. Mas nós pusemos aqui as nossas razões, expusemo-las com desassombro, não com elegância de linguagem, mas, por vezes, muito terra a terra, mostrando bem claramente os nossos argumentos.
Chegámos, portanto, a um momento em que, examinando, por exemplo, a obra do Sr. Ministro das Finanças, nos convencemos de que a conservação de S. Ex.ª por muita consideração e estima, por muito respeito pelas suas altas qualidades de espírito e de inteligência que nós queiramos ter, é contrária aos interêsses do País por efeito da sua obra já demonstrada como inútil.
Diz-se agora que se a proposta do empréstimo fôsse aprovada juntamente com o contrato dos tabacos e outras medidas teria dado outros resultados. O câmbio teria melhorado e o deficit seria, porventura, extinto.
Mas que argumentos foram apresentados para nos convencerem disso? Querem tratar-nos como escravos duma roça, obedecendo cegamente ao senhor sem discutir as suas ordens?
Apoiados das direitas.
Que argumentos foram os empregados?
Esqueceram-se de nos dizer qual era o deficit exacto do Orçamento, que é a soma de três verbas: aquela que nos foi apresentada, aquela que representa o aumento de despesa proveniente dos novos vencimentos e melhorias do funcionalismo público, e aquela que é resultante do excesso do ágio do ouro.
Junte-se a tudo isto a circunstância de o Sr. Ministro nos declarar que está com disposições de continuar com o pão político, para o que não existe verba.
Apoiados.