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Diário da Câmara dos Deputados
laboração íntima e de tal maneira que as responsabilidades se confundiam; mas, na altura em que por promessas vãs, em que por actos praticados, a oposição nacionalista se convenceu da improdutividade dêste Govêrno nas cadeiras do Poder, logo nesta Câmara fiz como se faz em todo o mundo: como oposição marcar a sua atitude, difinindo a duma maneira clara e por tal forma que nem na Câmara nem no Puís se desconhecia a atitude da oposição nacionalista.
Não houve nas minhas palavras uma única contra o Partido Democrático, contra a sua acção parlamentar ou política, que, porventura, na minha bôca séria mal cabida, embora por vezes tenha havido actos que devessem suscitar reparos duma maneira mais áspera.
Dirigi-me ùnicamente ao Govêrno.
O Sr. Presidente do Ministério ameaçou-nos com a posse do Govêrno, se S. Ex.ª estivesse nas disposições de abandonar o Govêrno.
Há uma parte do discurso de S. Ex.ª que aplaudo.
Só há alguma cousa que gosto de ver, é um Presidente do Ministério procurar defender as suas posições, procurar manter-se no seu logar.
Desgraçada a situação daqueles que, como, algumas vozes tem sucedido, dizem que o seu maior desejo é abandonar as cadeiras do Poder.
Eu entendo que quem ocupa aquele lugar deve procurar conservar-se; assim como o papel das oposições, o papel de crítica ao Govêrno, é procurar entre os homens que nesse Govêrno estão aqueles que alguma competência revelam, incitando-os a que façam uma obra útil, e, emquanto aos outros, procurar derrubá-los.
O Sr. Presidente do Ministério afirmou que o Partido Nacionalista quere ir ao Poder, pedindo a dissolução.
Em que documento viu S. Ex.ª essa afirmação?
E porventura seria um crime que o Partido Nacionalista pusesse essa condição ao Sr. Presidente da República?
Não é êsse um instrumento de que S. Ex.ª se pode servir?
Se alguma vez houve nesta casa ameaças de dissolução, partiram elas do Partido Democrático.
O Partido Nacionalista não pronunciou palavras de dissolução, não precisa de o fazer aqui, porque na altura em que entenda que o deve fazer fá-lo há duma maneira clara, fá-lo há nas praças públicas e no Parlamento.
Não se arreceia do Poder, não pode arrecear-se.
Com que direito vem S. Ex.ª, do seu lugar de Presidente, dirigir censuras aos homens do Partido Nacionalista, cujos serviços podem competir com os de S. Ex.ª?
Porventura dentro deste partido não estão homens cujos serviços à República se emparelham com os seus?
É preciso estar aqui a hombrear com serviços prestados à República quando temos, acima de nós, outros julgadores, que a todos avaliam pelas suas acções e pelas suas palavras?
O que queria S. Ex.ª que o Partido Nacionalista, fizesse nesta Câmara, senão produzir palavras e discursos?
O que é que num Parlamento se faz?
Não tendo aliás uma vida tam longa como a maior parte dos Srs. Deputados que aqui estão, posso garantir, não receiando ser desmentido por ninguém, que as palavras graves, as palavras perigosas pronunciadas na Assemblea Legislativa não partiram nunca do Partido Nacionalista, não partiram mesmo do agrupamento anterior a que pertenci.
Como é que o Sr. Presidente do Ministério, hoje transformado num homem de ordem, prestando nesse particular serviços ao País, como é que S. Ex.ª, repito, pode lançar-nos semelhantes acusações, quando S. Ex.ª pronunciou aqui palavras tam perigosas, que o recordá-las hoje é tam grave como tê-las pronunciado?
Quem foi que disse, contra um. Govêrno em que estavam correligionários seus, que o Pais estava a saque?
Não foi, porventura, o Sr. Presidente do Ministério?
Porventura dêste lado da Câmara, se pronunciaram já palavras que tenham o significado das palavras que S. Ex.ª jogou a correligionários seus que estavam no Ministério presidido pelo Sr. Sá Cardoso?
Quem foi que disse aqui as palavras mais enxovalhantes para o Sr. Sá Cardoso?