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Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e, interino, da Guerra (António Maria da Silva): — V. Ex.ª teve a gentileza de mo prevenir, das preguntas que faria no debate político com respeito à pasta das Colónias; tomei nota delas, e aguardei que V. Ex.ª as fizesse oficialmente para eu depois responder, mas V. Ex.ª não as fez.
O Orador: — V. Ex.ª está naturalmente equivocado. Eu tive com V. Ex.ª duas conversas, uma com respeito ao debate político, outra com respeito à minha interpelação ao Sr. Ministro das Colónias.
Nessa ocasião disse que o Govêrno estava a assumir grandíssimas responsabilidades, e que havia um facto sôbre que eu exigia uma resposta, quer como homem, quer como parlamentar.
Eu que tinha feito aqui determinadas afirmações, que foram contestadas pelo Sr. Ministro das Colónias, necessitava que S. Ex.ª, por escrito ou por intermédio do Sr. Presidente do Ministério, fizesse as rectificações necessárias, tanto mais que pessoas que fazem parte dos corpos deliberativos das colónias confirmam a veracidade das minhas asserções.
Sr. Presidente: é certo que o chefe do Govêrno disse que o Partido Nacionalista não podia assumir o Poder, porque era um organismo sem coesão alguma e sem possibilidade de vida governativa.
Ora, Sr. Presidente, eu que quero conservar-me dentro daquilo que eu reputo serem as formulas parlamentares, não trago para a tela da discussão — porque seria um diz tu direi eu — todas as dificuldades que o Govêrno actual tem tido para aplanar os números desaguisados e desarmonias que têm surgido dentro do Partido Democrático.
Mas, Sr. Presidente, o que não é natural, oportuno nem legítimo é que o Sr. Presidente do Ministério se arvore em censor máximo da República, e das cadeiras do Poder critique o passado de um partido da oposição que não precisa dos atestados de S. Ex.ª para ser uma organização da República, com vontade e querer, e que na hora em que assumir o Poder, pela Constituïção da República, saberá desempenhar o seu papel com a consciência republicana que sempre o tem orientado.
Poderemos ser convencidos por uma opinião melhor, mas vencidos pela vontade e poder absoluto de outrem, a nenhum dos homens que têm assento nas cadeiras nacionalistas tal acontecerá, porque temos aquele critério que é de todos os republicanos que combatem valente e heroicamente pela República.
O orador não reviu.
O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e Interino da Guerra (António Maria da Silva) Sr. Presidente: vou tentar usar da palavra no prazo mais curto que me fôr possível.
Versando-se um assunto diferente do que está sendo versado na Câmara...
Vozes: — Alto, alto.
O Orador: — Não posso falar mais alto. Não tenho culpa de que haja barulho na Câmara.
Afirmou o Sr. Álvaro de Castro que eu pronunciei palavras que neste lugar são inadmissíveis, dadas as boas relações que devem existir entre os poderes Executivo e o Legislativo.
Não se trata duma questão pessoal.
S. Ex.ª disse que o Partido Nacionalista não pediu a dissolução. Estas palavras tinham sido proferidas pela maioria, disse S. Ex.ª
Se a memória me não falha, o Sr. Pedro Pita em uma. entrevista — mas estou disposto a modificar as minhas palavras, se S. Ex.ª me dizer que as não proferiu — disse que o Partido Nacionalista não se importaria governar, dada a dissolução.
Creio que não estou enganado.
Mais; o Sr. Álvaro de Castro disse ao Diário de Lisboa de 21 do mês passado, numa dessas entrevistas, o que vou ler.
A dissolução é constitucional, e está na alçada de o Sr. Presidente da República dá-la, é certo.
Mas não ficou por aqui.
O Sr. Carlos de Vasconcelos (interrompendo): — Mas o Sr. Álvaro de Castro disse nessa mesma entrevista que a não queria.
O Orador: — Pode S. Ex.ª não a querer, mas ela é desejada por outras pessoas.