O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 5 de Agosto de 1923 23
para o País horas graves e perigosas, porque eu conheço muito bem o que é o tremendo basfond da política portuguesa.
Eu sei muito bem como determinados elementos têm procedido, e tenho a certeza que, tendo andado ao serviço de S. Ex.ª, no dia em que êle abandonou o Partido Democrático ou o Poder, prepararão um novo 19 de Outubro, desde que nós não queiramos exercer a acção que é necessário exercer para limparmos de uma vez a cidade dos elementos nefastos que a pejam, mandando-os para local onde êles não possam perturbar a luta de ideas dos partidos e a paz constitucional que é indispensável para que a República progrida.
Apoiados.
Na altura em que, está a República, vai sendo tempo de todos nós olharmos para êsses elementos, com aquela firmeza com que os devemos olhar, passando a ter confiança nas fôrças militares que têm por norma manter a ordem.
Apoiados.
E os Governos, apoiando-se nessas fôrças, não devem transigir com ameaças, nem deixarem-se influenciar por pessoas que só servem, pelos seus actos, para enxovalharem a moral da República e a pureza dos princípios que eu me orgulho de professar.
Apoiados.
Sr. Presidente: disse o Sr. Presidente do Ministério, quando há pouco falou em resposta ao Sr. Álvaro de Castro, tam textualmente que eu o escrevi neste papel, que «não é de homem público desconhecer o que interessa a um país».
Eu pasmo da audácia da afirmativa do Sr. Presidente do Ministério, a não ser que S. Ex.ª a queira lançar ao rosto dos seus correligionários.
A culpa pertence exclusivamente à maioria que apoia o Govêrno, que assim prova não ser constituída por homens públicos nem sequer por criaturas perfeitamente compenetradas dos deveres que lhes impõe o papel que desempenham. De contrário, o Sr. Ministro das Finanças, que tam amargamente se referiu à improdutividade parlamentar, não teria de que se lastimar, porque as suas propostas, devidamente relatadas, não teriam encontrado os entraves que principalmente resultaram do facto de nem sequer terem ainda parecer das respectivas comissões, compostas quási exclusivamente por membros da maioria...
Trocam-se àpartes.
Sussurro.
O Orador: — O facto indiscutível e inacreditável é que o Sr. Ministro das Finanças, reanimando as oposições pela sua atitude, acusou sobretudo a maioria que nem sequer deu parecer sôbre as suas propostas.
As maiorias vencem pelo número, e querem vencer sem se importarem convencer.
Apoiados.
As oposições e os independentes têm mostrado estudar os assuntos, não tendo visto levantarem-se Deputados da maioria para os combaterem.
Àpartes.
Sr. Presidente: ferem-me êstes àpartes da maioria democrática. Diz alguém que a função da maioria é votar.
Não; têm de discutir e estudar os assuntos.
Apoiados.
É assim que se mostra o desejo do aperfeiçoamento das leis.
Apoiados.
Sem estudo não se consegue êsse aperfeiçoamento.
Apoiados.
À fôrça do número pretende a maioria vencer, á falta de argumentação!
É simplesmente honesto não se votar sem se saber o que se vota.
A maioria não pensa assim. Isso não é maioria democrática; é, sim, faltar aos mais elementares princípios de inteligência, servindo-se apenas da fôrça.
Deixam as oposições esgotar todos os argumentos, apresentar emendas aos projectos, e essa maioria não se apresenta a defendê-los, a mostrar que não têm razão de ser os argumentos apresentados.
Aprova o que lhe meteram na mão, sem sabor o que aprova.
Àpartes diversos.
Protestos.
Interrupções.
O Orador: — Ouvi dizer nesta Câmara que todos têm o dever de vir às sessões.
Perfilho êsse ponto de vista; mas, se todos têm êsse dever, não compreendo