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Diário da Câmara dos Deputados
plantar com tanto sacrifício, sofrido um castigo, qual foi o da prisão que teve de cumprir no Forte de Elvas.
Se bem que êle estivesse ultimamente um tanto ou quanto desanimado pelo caminho que a República tem seguido, tinha, no emtanto, uma grande fé de que os governantes haviam de mudar de processos e que a República entraria naquele caminho que todos nós, republicanos e patriotas, desejamos sinceramente que ela entre.
Sr. Presidente: para terminar, devo dizer, repito, que me associo sincera e comovidamente às homenagens de V. Ex.ªs, lembrando que a melhor maneira que temos de lhes prestar a nossa homenagem é mudarmos de caminho, empregando os maiores esfôrços no sentido de que êle seja o que todos nós, republicanos e bons patriotas, desejamos sinceramente que êle
Tenho dito.
O orador não reviu.
ORDEM DO DIA
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva): — Sr. Presidente: pedi a palavra para em primeiro lugar cumprir um dever constitucional, qual seja o de apresentar à Câmara os novos Ministros.
Desnecessário se torna dizer à Câmara os motivos que levaram o Sr. Vitorino Guimarães a abandonar a pasta das Finanças, visto que S. Ex.ª teve ocasião de dizer que o fazia pelo facto de a Câmara lhe não ter discutido e aprovado certas medidas que êle tinha pendentes nesta Câmara.
Quanto ao Ministro da Agricultura, o Sr. Fontoura da Costa, já a Câmara sabe que êle havia manifestado o desejo de abandonar aquela pasta, razão por que foi substituído pelo Sr. Joaquim Ribeiro, que muito brilhantemente tem estudado êstes assuntos.
Não foi, Sr. Presidente, só para isto que eu pedi a palavra, mas sim também para demonstrar à Câmara, se bem que resumidamente, devido ao meu estado de saúde, as razões que levaram o Govêrno a pedir ao Sr. Presidente da República a convocação desta sessão extraordinária, a qual tem por fim resolver questões da mais alta importância e do mais alto interêsse para o País.
V. Ex.ª vê, Sr. Presidente, como os Srs. parlamentares souberam manifestar o seu alto patriotismo, comparecendo a esta sessão.
Por outro lado, mesmo para aqueles que poderia contrariar determinada situação política, êste facto proporciona-lhes o ensejo de a esclarecerem, com vantagem para todos.
Mais de uma vez tenho referido, quer no Parlamento, quer lá fora, o meu grande respeito à instituição parlamentar, e mal me ficaria, sendo parlamentar, se o não fizesse. Por muito mau que seja o regime parlamentar, para mim êle é superior a qualquer outro. E por isso que eu tenho essa opinião, envidarei todos os meus esfôrços para que sempre esta instituição se prestigie.
Eu bem sei que uma instituição não se desprestigia pelo facto de determinados membros dela não cumprirem alguma vez o seu dever; mas não poderá dizer-se dêste Congresso o mesmo, porque de facto os parlamentares de agora souberam provar na sessão legislativa passada que correspondiam às necessidades que o País tinha, trabalhando e fazendo qualquer cousa de útil.
Foi por isso que eu, pondo o problema aos meus colegas e dando dele conhecimento ao supremo magistrado da Nação, tomei a iniciativa desta reunião do Congresso, para que sejam aqui debatidos os problemas de capital importância que o Parlamento tem obrigação de considerar e resolver.
Há muita gente que diz que eu não tenho horror ao Poder. De facto nunca o tive, mas quando o Poder serve dalguma utilidade ao País e ao regime, porque a minha pessoa e a dos meus colegas, neste caso, são uma cousa mínima.
Pouco me interessa que o Govêrno se componha desta ou daquela nuance política; o que me interessa é que a Nação sinta bem que o Poder Legislativo e o Executivo sabem compreender as necessidades públicas, e a opinião pública manifesta-se duma forma tal que não é dado fechar os ouvidos àquilo que ela requere. Quando não se dá ouvidos às necessidades do País, passam-se cousas que eu.