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Diário da Câmara dos Deputados
essa operação seria na realidade tudo quanto havia de mais ruïnoso.
Foi isto o que S. Ex.ª aqui disse, e os resultados dêsse empréstimo são aqueles que toda a Câmara conhece, isto é, os mais ruinosos para o País.
Sr. Presidente: sabe V. Ex.ª que os impostos têm dado dezenas de milhares de contos.
V. Ex.ª sabem que a redução dos escudos tem feito com. que os bancos reduzam os seus descontos, que os depósitos vão faltando, e assim sucessivamente.
As fábricas não podem continuar a sua laboração, e o Govêrno devia ter convocado o Parlamento imediatamente. Quanto maior fôr a demora, mais graves serão as consequências. Pois há um Ministro com êstes antecedentes, que se senta naquelas cadeiras, que vem apresentar-se ao Parlamento e há um Parlamento que não lhe diz que só vá embora já, para não fazer mais mal ao seu País.
Êsse Ministro não pode continuar nas cadeiras do Poder e tem que sair já para não se dar um desastre nacional.
Eu, Sr. Presidente, dêste lado da Câmara tenho pugnado sempre pela ordem; hei-de continuar na mesma, e agora mais do que nunca, depois destas propostas de finanças que são a ruína dum país.
É preciso que êsse Ministro se vá embora e já, hoje mesmo, pois estas medidas são o verdadeiro bolchevismo, medidas que o País não pode aceitar, medidas que talvez o Parlamento, na mais extraordinária leviandade, vai aprovar.
Uma voz: — As propostas não estão em discussão.
O Orador: — Isto é bem claramente a acção do Sr. Afonso Costa a exercer-se sôbre o Govêrno.
Vários àpartes.
Sr. Presidente: é uma proposta apresentada pelo Sr. Ministro das Finanças e compõe-se de três artigos.
Eu pregunto quem é que pode votar uma autorização desta ordem.
Isto é o começo. S. Ex.ª vai criar selos para tudo e vai criar um aumento no imposto de rendimento.
Notem V. Ex.ª, se o Parlamento pode aceitar tudo isto, numa inconsciência pasmosa.
As taxas multiplicadas por 24, 27, 30.
Isto é assombroso, mais parece certo hospital que um Parlamento.
Protestos da esquerda.
Uma voz da esquerda: — Isso é discutir!
O Orador: — Estamos a discutir o plano do Govêrno.
Em nome dos interêsses do País, não posso deixar de dizer que a permanência do Sr. Velhinho Correia, na pasta das Finanças, é uma desgraça.
Hei-de continuar a discutir ante um perigo nacional, o de o Sr. Velhinho Correia ser Ministro das Finanças.
O Sr. Presidente: — Chamo a atenção da Câmara.
V. Ex.ª, Sr. Carvalho da Silva, está a discutir propostas que ainda não foram sequer apresentadas à Câmara.
Apoiados da esquerda.
O que está em discussão são as declarações feitas pelo Sr. Presidente do Ministério.
O Orador: — É a solução da crise, portanto.
Ora, dentro dessa solução, cabe a discussão que estou fazendo.
De resto, se as propostas a que me estou referindo ainda não foram apresentadas à Câmara, já foram distribuídas.
Apoiados das direitas.
Mas visto que estou ferindo a susceptibilidade Dalguns Srs. Deputados, vou entrar no caminho das hipóteses.
Suponhamos, assim, que o Sr. Velhinho Correia era capaz de apresentar ao Parlamento umas propostas que, além de tudo que eu já expus, dissessem mais o seguinte...
O Sr. Sá Pereira: — Invoco o Regimento.
O orador está fora da ordem!
O Orador: — Estranho a atitude do Sr. Sá Pereira, com quem tenho sempre mantido nesta casa e fora dela as melhores relações de amizade.
O Sr. Manuel Fragoso: — Mas que tem isso para o caso?!