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Sessão de 26 de Setembro de 1923
propostas que S. Ex.ª tenciona apresentar à Câmara, sou forçado a reconhecer que num período tam curto S. Ex.ª demonstrou bem as suas qualidades de inteligência e de trabalhador incansável, apresentando-nos o seu trabalho.
Muito à vol d'oiseau acabo de ler as propostas e vejo que representam um trabalho interessante e complicado, que remodela todo o nosso sistema tributário, tendo S. Ex.ª a coragem de as apresentar à Câmara.
Se outras razões não tivesse para felicitar o Sr. António Maria da Silva pela escolha que fez, bastaria aquela que apresentei.
O Sr. Carvalho da Silva: — Pelo contrário, é caso para pêsames.
O Orador: — À inteligência viva de V. Ex.ª é que lhe bastou uma rápida leitura pára ver que as propostas são péssimas.
O Sr. Carvalho da Silva: — A V. Ex.ª bastou-lhe uma simples leitura para as reconhecer interessantes; a mim, bastou-me uma leitura para as achar absolutamente ruinosas. De resto, o País dirá quem tem razão.
O Orador: — A interpretação do Sr. Carvalho da Silva obriga-me a dizer à Câmara que não me pronunciei sôbre as propostas do Sr. Ministro das Finanças, mas que me bastou uma ligeira leitura para ver que o seu trabalho denota uma grande inteligência e grandes faculdades de trabalho.
Um àparte do Sr. Carvalho da Silva.
O Orador: — O Sr. António Maria da Silva, teve, portanto, mais esta felicidade, de descobrir, pela primeira vez na vida da República, um Ministro das Finanças que em meia dúzia de dias estuda, resolve e apresenta ao Parlamento um assunto de tam grande magnitude, e até nos vera dizer que é preciso que, pela nossa parte, o resolvamos, também urgentemente, admitindo, ao menos por hipótese, que a Câmara irá, de olhos vendados, dar uma autorização para que o Govêrno possa pôr em execução um trabalho desta importância.
No princípio das minhas considerações disso eu que a hora é por demais grave para que não nos compenetremos todos da nossa missão. É, porém, de estranhar, como muito bem o disse o ilustre leader do Partido Nacionalista, que o Sr. Presidente do Ministério, em assunto desta importância, não tenha tido a leve atenção de sôbre êle falar com aqueles que para aqui poderiam vir já até certo ponto habilitados com o conhecimento das intenções do Govêrno.
Mas o Sr. António Maria da Silva não teve mesmo essa atenção para com os que, de facto, têm prestado alguma colaboração, como os Deputados independentes, para cujo grupo aliás, em determinada ocasião em que o Sr. Presidente do Ministério e a maioria careceram — permita-se me o têrmo — de uma cunhêta para se equilibrarem no Poder, tiveram toda a consideração, tendo-lhe dado nada menos de dois Ministros, que ainda hoje são independentes.
O grupo de Deputados independentes; de uma maneira geral, quási que desapareceu.
Formou-se no momento a que me referi, e hoje já não existe; todavia, existem, de facto, dois Ministros que foram indicados por êsse grupo para fazer parte do Govêrno, mas que não havia até hoje, sob o ponto de vista político, o mais ligeiro acto que representasse não digo já uma satisfação, mas um esclarecimento sôbre os assuntos interessando a vida do Govêrno e da Nação.
E assim que o Govêrno procede. Acho que procede muito mal.
Um àparte.
O Orador: — Sr. Presidente: não alongarei as minhas considerações. Quero no emtanto, dizer a V. Ex.ª que pela minha parte, e após as considerações que acabo de fazer, aguardo com serenidade aquele ar sorridente com que o Sr. Ministro das Finanças hoje entrou nesta Câmara, trazendo na sua pasta a solução dos problemas mais graves que nos assoberbam, para dar satisfação ao Parlamento e ao País.
Aguardo-o com essa serenidade, mas reservando-me o direito de apreciar as propostas de V. Ex.ª com aquela liberdade de acção de que todos os homens