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Diário da Câmara dos Deputados
reito a exigir de Portugal a mesma cousa, vista que neste país se atendiam de preferência as várias fábricas indicadas pelo próprio punho do director da Casa da Moeda de Paris.
Devo dizer que depois que se iniciou essa campanha contra mim, como sendo eu o culpado da abertura do concurso, fui procurado por um redactor do jornal A Tarde, que me disso:
«Eu sei que alguém procurou o Sr. Afonso Costa para obter dêste senhor uma recomendação para você, mas o Sr. Afonso Costa declarou imediatamente que cousas dessas não se podiam a Lúcio de Azevedo».
O Sr. Mateus Palermo de Barros comunicou-me que tinha conhecimento de que de facto em Paris corria que um tal Sr. Perestrelo havia procurado uma fábrica dessa cidade, exigindo 500:000 francos para lhe dar a preferência no fornecimento dos flans.
Que culpa posso eu ter de que um Sr. Perestrelo qualquer se intitule em Paris director da Casa da Moeda é que com êsse título cometa uma burla?
Eu admito que o Sr. José de Abreu procedeu na melhor intenção, com absoluta boa fé, convencido de que ia advogar uma causa justa.
São estas as minhas declarações, afirmando mais uma vez, sob minha palavra de honra, que nem directa nem indirectamente recebi qualquer recomendação do Sr. Afonso Costa.
Não fiz há mais tempo estas declarações à Câmara porque queria munir-me dêstes documentos que tenho sob os meus olhos, porque tinha de citar números e factos, e para isso era necessário entregar a direcção da Casa da Moeda a um substituto.
O Sr. Vasco Borges (interrompendo): — O facto de se entregar o fornecimento dos flans a uma casa estrangeira abreviava a cunhagem?
O Orador: — Era preciso trabalhar de dia e noite para acompanhar a fundição com a laminação.
Estabelece-se diálogo entre o orador e o Sr. Carvalho da Silva,
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior, (António Maria da Silva) (interrompendo): — V. Ex.ª disse que os discos levavam, em média, treze meses a fabricar; não é assim?
O Orador: — Com o horário normal.
Eram estas, Sr. Presidente, as declarações que eu tinha a fazer perante o Parlamento e o país, terminando declarando que continuo e continuarei sempre trilhando a linha recta, não havendo insinuações de qualquer espécie que me possam atingir.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
Os àpartes não foram revistos pelos oradores que os fizeram.
O Sr. Álvaro de Castro: — Sr. Presidente: pedi a palavra para fazer uma simples observação, e é que a Câmara, depois de ouvir as declarações feitas pelo Director da Casa da Moeda, e a ser concedida a palavra ao Sr. Ministro das Finanças, que acabou de ouvir ler documentos oficiais, e até confidenciais, de um estabelecimento do Estado, sem autorização da Câmara e sem autorização do mies-mo Sr. Ministro, ver-se-há naturalmente na necessidade de pedir que se abra uma inscrição especial para discutir êsse assunto, discussão essa que aliás será inútil e desprestigiosa, visto que a Câmara não possui os documentos necessários tendo apenas ouvido ler uns documentos oficiais que o Director da Casa da Moeda quis escolher.
Não me parece, Sr. Presidente, que o Parlamento seja para divertimento pessoal de qualquer dos seus membros, ou para defesa do Director da Casa da Moeda, que tem o seu lugar próprio para se defender, e que é o inquérito a que se vai proceder.
Não, Sr. Presidente, o Parlamento nada tem com isso, pois, a verdade é que a questão tem o seu campo onde deve ser tratada, que é o Poder Judicial.
O Sr. Lúcio de Azevedo (interrompendo): — Eu devo dizer a V. Ex.ª que já