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Diário da Câmara dos Deputados
pores das emprêsas nacionais que Gsse movimento se exerce, em carreiras regulares, que hoje só encontram infelizmente interrompidas era virtude dessa greve, que parece eternizar-se.
Posso por isso assegurar à Câmara que são muitos os prejuízos sofridos pelo comércio insulano, e mesmo pelo comércio oriental, que com aquele se relaciona.
Demais, está-se em presença duma situação verdadeiramente paradoxal. Tributaram-se os navios estrangeiros com taxas especiais, na sua passagem pelos pôrtos portugueses, para proteger a marinha mercante nacional. Pois o resultado de tal medida é o que estamos presenciando, com grave prejuízo da economia nacional: os vapores estrangeiros, deminuindo ao mínimo as suas carreiras pelos nossos pôrtos, fustigados pelos encargos extraordinários que sôbre êles fizemos incidir, e os navios nacionais, amarrados nos cais de Lisboa, paralisado», umas vezes por urna razão, outras vezes por outra, agora pela greve que se declarou, e que se não resolve.
Muitos apoiados.
Há ainda um aspecto de ordem económica que eu não quero deixar de frisar ao Govêrno. Na praça de Lisboa já se vai contando com a falta de certos produtos coloniais de consumo, retardados no ultramar, à falta de transportes em que sejam conduzidos à metrópole. Pois êste facto já é suficiente para determinar, com razão, o aumento de preços dos artigos aqui existentes, o que já se anuncia em Lisboa, e que não tardará a dar-se, como um fruto dos mais custosos decerto da demora que só está dando na solução da presente greve.
Pelas razões que acabo de expor, em nome dos interêsses gerais e dos interêsses especiais da Madeira e Açores, reclamo do Sr. Presidente do Ministério, que vejo presente, as mais enérgicas medidas para que se chegue com a maior brevidade à solução da greve, para o que o Govêrno tem o dever de contribuir com o máximo dos seus esfôrços.
Tenho dito.
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva): — Ouvi com toda a atenção as palavras do ilustre Deputado, e posso assegurar que o Govêrno está tratando com todo o interêsse do assunto, esperando-se chegar em breve a uma solução satisfatória. É aprovada a acta.
ORDEM DO DIA
Continua o debate político sôbre a crise ministerial, resultante da exoneração do Sr. Ministro das Finanças (Velhinho Correia).
O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: só o Parlamento, êste relapso Parlamento que o Govêrno e tantas manifestações da opinião pública parecem querer condenar, não toma definitivamente emenda, não é por falta de conselhos.
Ainda hoje na secção política dum jornal que eu tive a honra de dirigir, O Século, nos são dados alguns conselhos.
Porque o Parlamento deve ser um órgão sensível a todas as manifestações da opinião pública, não pode deixar de tomar êsses conselhos na devida conta, muito embora, é claro, se reserve o direito de pôr do parte os que, porventura, sejam disparatados ou interesseiros.
Até aqui plenamente de acôrdo, até o ponto em que se diz que o País, pôsto que a sua situação não seja desafogada, não está, evidentemente, em condições de não se poder salvar.
Mas no que diz depois começa naturalmente a minha discordância.,
Não é o Govêrno ou o Sr. Presidente do Ministério nas reuniões do seu Partido que julgam do momento de ter de terminar a sua missão. Juiz dêsse momento é só o Congresso da República,
A seguir vem um pequenino trecho que não foi escrito pelo Sr. Presidente do Ministério, mas que — palavra de honra — merece ter sido escrito por S. Ex.ª
Com franqueza, esto Govêrno encontrou de facto o caminho desimpedido diante de si.
Tem tido uma oposição que não tem sido das mais enérgicas por motivo de ela querer, acima de tudo, servir os altos interêsses do País e ter estado à espera que o Govêrno cumpra o seu dever.
Tem uma imprensa que vai até ao ponto de consubstanciar o pensamento do Sr. Presidente do Ministério, que nos faz