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24 Diária da Câmara dos Deputados

como tantas vezes se tem feito em promessas que se não podem cumprir.

Todos nós entendemos que o Parlamento deve estudar o problema do conseguir o barateamento do custo da vida. Mas V. Exa. e a Câmara sabem que a complexidade de factores que influem em tudo que se liga com a vida económica do País impõe que o fenómeno seja combatido nas suas causas, e não com expedientes que só representam poeira lançada aos olhos do povo para o enganar,

A primeira e mais importante medida que urge tomar é a redução das despesas públicas, porque é da má administração da República que advém a causa principal da carestia da vida.

Apoiados. Não apoiados.

Convencer o povo de que porventura o custo da vida pode dum momento para o outro baixar extraordinariamente, por ser êle devido à exploração feita pelas classes conservadoras, é prestar um péssimo serviço ao País à causa da ordem.

Costumamos nós falar com o desassombro que todos os Deputados devem ter quando defendem as suas ideas e opiniões. A prova de que o temos feito é que há, por exemplo, uma questão magna, fundamental, a questão do pão, que nós, dêste lado da Câmara, temos querido tratar, mas que a maioria tem impedido.

A questão do povo é que precisa ser atendida antes do mais nada; mas é essa exactamente que o Govêrno não quere de maneira alguma resolver.

É sem dúvida indispensável que o Govêrno tome providências para fazer baixar o custo da vida, mas a primeira que deve ser tomada é a que respeita à moralização da administração pública e não a apresentação de propostas de lei como aquelas que ainda ontem o Sr. Presidente do Ministério aqui veio apresentar aumentando de »ma maneira espantosa os imposto» (Apoiados), o que implica um aumento maior do custo da vida.

Apoiados.

Nós estamos ao lado das justas e legítimas representações do povo; mas fazemo-lo sinceramente sem prometer o bacalhau a pataco para depois enganar o povo levando-o à situação que a República o levou.

Apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. Pedro Pita: — Sr. Presidente: pedi a palavra era nome dêste lado da Câmara para me associar à proposta do Sr. João Camoesas.

É interessante, na verdade, que as juntas de freguesia, que mais de perto lidam com o povo, transmitam ao Parlamento as aspirações dêsse povo; mas é sempre bom fazer-lhes sentir que não está na mão do Parlamento tornar a vida fácil ràpidamente quando ela é difícil, para não lhes alimentar falsas esperanças que amanhã se possam tornar em fáceis revoltas.

E sempre mau explorar com a popularidade e brincar com o fogo da popularidade!

Ao pronunciar esta palavra, quero significar duma maneira clara que acho absolutamente justas as reclamações e os pedidos que se fazem no sentido de baratear a vida, mas acho também necessário fazer sentir que não é fácil dar remédio a êsse assunto.

São interessantes as grandes manifestações tam interessantes como o fogo que se ateia e muitas vezes queima.

Apoiados da direita.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Devo informar o Sr. João Camoesas que os documentos entregues pela comissão de juntas de freguesias são de duas espécies: uma representação, que acho bem que se publique no Diário do Govêrno, e uma espécie de preguntas que me parece que devem ser enviadas às comissões respectivas.

Apoiados gerais.

Quanto à saudação em virtude da manifestação dos vários lados da Câmara considero-a aprovada.

Vozes: — Muito bem, muito bem.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Sr. Presidente: pedi a palavra para acompanhar em nome do Govêrno o voto de saudação do Sr. João Camoesas às juntas de freguesia.

São instituições republicanas, compostas de republicanos, e que por isso bem merecem o apoio do Parlamento.