O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 22 de Fevereiro de 1924 19

Não sei quanto isto custou ao Govêrno, mas creio que a viagem para lá custou 71 contos e para cá mais alguma cousa.

Nós temos marinha porque temos colónias, então é necessário que os nossos barcos de guerra visitem as águas das costas das nossas colónias.

Quanto, à viagem a Catanga resultou também grande vantagem para Angola.

Foi uma viagem dê muitos quilómetros desde o extremo do caminho de ferro até ao extremo leste do rectângulo que limita o território da Rodésia.

Dessa viagem resultou um benefício porque se abriu uma estrada que deu lugar à passagem de automóveis e já virem ao nosso território mercadorias.

Eu não vejo melhor forma de fazer administração do que cruzar a província e isso só se pode fazer de automóvel porque as distâncias são grandes.

E é essa uma das razões, deixem-me V. Exas. desde já referir, do grande número de camiões e automóveis que o Alto Comissário tem nas suas suntuosas garages. Garages é cousa que lá não existe, não chegámos ainda a isso, mas todos os palácios as têm e, portanto, não sei por que o palácio do Governador não as há-de ter. Devem, efectivamente, elas construir-se, porque o que lá existe é um barracão velho onde se metem os automóveis.

De resto, são precisos carros para o Governador se transportar, e porque, naturalmente, êle não vai só, nem deve ir, deve levar os seus ajudantes è secretários e possivelmente um ou outro chefe de serviço a quem mais interessa a viagem que êle vai fazer, leva, além disso, uma ou duas camionnettes, com o seu material de acampamento e de víveres, porque se o Governador em parte de regiões de Angola dificilmente pode comer à sua custa, pois que a hospitalidade portuguesa é de tal maneira cativante que constituiria uma ofensa rejeitá-la àqueles que a oferecem, tem outros pontos onde não encontra cousa nenhuma, como sucedeu na viagem a Catanga, onde houve que armar o acampamento e fazer a comida para si e para a sua comitiva.

Por conseqüência, o facto do Govêrno de Angola ter uma limousine, para serviço do Alto Comissário na cidade, e mais dois automóveis, para viagens longas, e

duas camionnettes, para material, e dois Fords para condução de pessoal, não é tam espantoso como à primeira vista parece. E o estritamente essencial, desde que se julgue como facto de boa administração a constante movimentação do Governador. Realmente, eu sem ver com os próprios olhos, sem falar com os próprios administradores, sem ouvir as associações de comércio locais, e os próprios indígenas, sem ver os trabalhos de construção e instalação, não posso fazer marchar Angola ao nível de progresso que a quero elevar. São bem abençoados os automóveis para êste efeito, e compensam bem, em benefícios para a Nação, o preço que êles custam.

Mas essa viagem a Catanga faz-me ter uma perfeita idea, que eu confesso não formava pelos relatórios, da enormíssima riqueza mineira daquela região. E desde o momento que nós pensamos atrair essa riqueza para o nosso território, para sair pelo porto do Lobito, achei de toda a necessidade, e disse-o ao Governador de Catanga, que eu conhecesse aquela região como fiquei conhecendo, e ao mesmo tempo que conhecesse as nossas para lhe dizer como disse que o apressar do caminho de ferro representava para Catanga um benefício que também nos serviria.

Custou essa viagem ao Estado: ajudas de custo, abonos em ouro a partir da fronteira, para o Alto Comissário e pessoal que o acompanhou. Era natural. Falou-se aqui muito em ajudas de custo em ouro; pois posso afirmar a V. Exa., Sr. Ministro, porque é fácil provar isso com as contas, que o que se gastou em ajudas de custo em ouro com viagens do Alto Comissário, algumas missões scientíficas, que entendi dever mandar ao Congo Belga, porque de lá vieram também ao nosso território, é uma parte insignificantíssima comparada com essa imensa avalanche de ajudas de custo que vejo gastar na metrópole a todos os propósitos e despropósitos, com viagens de diversa espécie e às quais ninguém, absolutamente, faz críticas.

Apoiados.

Mas era preciso dizer que eu era um perdulário e por isso se falou em ajudas de custo em ouro, ouro por todos os lados.