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Sessão de 22 de Fevereiro de 1924 17

Também, segundo ainda o relatório do auditor geral, referiu-se o Sr. Cunha Leal ao recrutamento do pessoal menor que foi absolutamente necessário, para manter desde logo os primeiros serviços, as brigadas de estudo, porque em Angola não havia estudos, nem do caminhos de ferro, nem de outras obras de fomento indispensáveis.

Ninguém imagina o que foi o trabalho de preparação para a efectivação das obras de fomento em Angola.

Foi uma tarefa longa e extremamente difícil; e só quem não conhece as dificuldades de toda a espécie com que é preciso lutar, a falta de recursos, a falta de alojamentos, e outras, poderá censurar o que a êste respeito se fez em Angola.

Dão-se demoras, falhas, atritos, que se representam por despesas, por enerva-mentos e por vezes por actos de indisciplina.

Tudo isso é preciso vencer, com energia, com critério e com qualidades de organizador.

É claro que quem marcha para um fim, vê os inconvenientes e as dificuldades que aparecem, e procura vencê-los o mais depressa possível.

Foi o que eu fiz.

Não valia a pena estar aqui a ridicularizar os pobres funcionários que constituem o pessoal menor.

O nome de auxiliares de estudo, foi-lhes dado pelo Sr. engenheiro Miranda Guedes, talvez para mais fàcilmente os poder recrutar; e as suas funções consistem em guardar os instrumentos, meter nas caixas os teodolitos, escolher acampamentos, etc.

Estes homens, humildes, com as qualidades emigratórias do nosso povo, para lá foram.

Muitos dêles oram caixeiros, outros nom caixeiros eram; mas o que posso dizer é que eram honestos e a maior parte deles trabalhadores.

E certo que houve muitos que não vingaram; mas dizem os tratadistas coloniais que, quando 50 por cento dos recrutados para qualquer empresa colonial consegue vingar, o recrutamento é óptimo.

Pois em Angola vingaram mais de 50 por conto e lá estão trabalhando, assegurando o seu futuro.

Talvez não houvesse, portanto necessidade de os achincalhar aqui.

Em todo o caso, seja como fôr, o relatório foi assinado em 12 de Junho de 1922, quíindo as cousas já estavam consideràvelmente transformadas. Inteiramente? Não. Não o estão hoje nem talvez dentro de três ou quatro anos.

A organização de serviços nas colónias em formação é das maiores dificuldades que existem, e por vezes desanimam-nos quási completamente.

Mas quando foi publicado o relatório do auditor fiscal, repito-o, já as cousas iam entrando na regularidade precisa.

Houve um caso que mereceu grandes reparos. Trata-se de um caso pessoal e como tal o vou tratar. Até aqui tenho-me ocupado tam somente de cousas de organização e dos actos do Alto Comissário. O caso a que agora me vou referir é, porém, um caso meramente pessoal.

Eu tomei posse do meu lugar de Alto Comissário em 12 de Outubro de 1920, desde quando me julguei com a qualidade bastante para iniciar a prática dos meus actos governativos. Em 16 de Abril tomei posse do meu cargo de Governador Geral de Angola.

Como Alto Comissário procedi ao recrutamento do pessoal que eu julguei indispensável mandar à minha frente, espécie de secção de quartéis, para á montagem das primeiras peças do edifício que me propunha construir.

Para êsse recrutamento fizeram-se contratos que foram feitos pelos respectivos secretários, absolutamente dentro doa programas estabelecidos. Os contratados seguiram para Angola e foram distribuídos por vários pontos da província.

Correu tudo muito bem até que um dia os serviços de fazenda se negaram a pagar a êsses contratados sob o pretexto de que OB contratos não tinham sido visados pela auditoria fiscal.

Removida a formalidade do visco, outros embaraços surgiram que conduziram a uma situação perante a qual eu tive do agir energicamente.

Levantou-se uma oposição enorme de resto já prevista pela lúcida inteligência do Sr. Ferreira da Rocha contra os secretários provinciais. De maneira que tudo quanto interessava aos seus serviços e à possibilidade de os executar foi víti-