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8 Diário da Câmara dos Deputados

queira fazer uma questão política, (Não apoiados das direitas), pretendendo-se atribuir ao Govêrno um pensamento bem diferente daquele que êle realmente tem.

Sr. Presidente: o raid Lisboa-Macau, que tanto entusiasmo tem produzido no País, tem sido feito à custa de um grande carinho da Nação o à custa do amor que a Nação tem pelo prestígio dos seus filhos, e, não obstante o mutismo de que o Govêrno é acusado, aos aviadores ainda não faltou o carinho de ninguém, pois que êles tem feito as suas étapas não sentindo a falta de qualquer cousa. Se realmente um movimento de simpatia da população, despertado por intermédio da imprensa, não chegar para a conclusão de tam audaciosa empresa, o Govêrno, que é constituído por autênticos patriotas, a quem não é indiferente o nome português, no momento oportuno apresentará à Câmara qualquer medida tendente a não permitir que fracasso, mesmo à custa da nossa angustiosa situação financeira, um raid que mais uma vez vem pôr em foco o valor da aviação portuguesa.

Terminando as minhas considerações e associando-me ao voto de saudação proposto pelo Sr. Cancela de Abreu, eu faço votos para que o nome português mais uma vez se imponha ao conceito do mundo inteiro, não podendo deixar neste momento de prestar homenagem ao Govêrno, que pela boca do titular da pasta da Guerra disse tudo o que tinha a dizer agora, sem invadir as atribuições do Poder Legislativo.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. António Maia (para explicações): — Sr. Presidente: não pedi a palavra para me associar ao voto de saudação, porque quem me conhece sabe bem que eu acompanho os meus camaradas desde o início do seu raid, ou melhor desde que êles pensaram em realizá-lo, o se alguém lhes tem dado o seu apoio moral, porque outro não podia dar, êsse alguém sou eu, e tanto assim que no sou relatório êsses meus camaradas o manifestaram com algumas palavras que muito me são gratas. Se pedi a palavra, foi para rebater algumas das afirmações aqui feitas.

Disse-se aqui que o Govêrno tem seguido a par e passo o raid dêsses nossos

aviadores desde que êles partiram. Ora isso é menos exacto, e tam pouco exacto que quando êles partiram da Amadora nem um representante, sequer, do Govêrno estava presente; e então eu pregunto se desde o início do raid o Govêrno acompanhou êsses dois aviadores...

Mas há mais: partiram êles de Vila Nova de Milfontes e nem sequer um representante do Govêrno estava lá presente.

Logo o Govêrno não lhes deu a assistência moral, pelo menos, que era natural que desse àqueles dois homens que partiam para procurar engrandecer o nome da Pátria.

Apoiados.

Para provar ainda a V. Exa. quam desamparados êsses aviadores partiram, devo dizer que, havendo necessidade de gastar 40 contos em gasolina, foi-se pedir a necessária autorização ao Ministro da Guerra e S. Exa. recusou-a.

Devo dizer, para elucidação do País, que sou amigo pessoal de S. Exa. e não me move. pois, antipatia ou intuito político contra S. Exa.; e para que se veja, Sr. Presidente, que isto é como eu digo, basta dizer que levando êsses dois oficiais guias de marcha e passaportes diplomáticos, não se fez aquilo que era natural que se fizesse para oficiais que sa,em em missão oficial, isto é, dar-lhes um certo vencimento para custearem as suas despesas militares, o que se fez, por exemplo, para não citar mais castas, com os oficiais que acompanharam o team de foot-ball militar que foi a Madrid, o que de resto se fez bem, porque é pelo desporto que se hão-de melhorar as condições físicas da nossa raça.

Entretanto, passou-se isto tudo com êsses briosos oficiais, e só depois dos jornais começarem a falar e o povo se começar a interessar pela sorte dos aviadores, é que o Sr. Ministro da Guerra veio dizer numa entrevista que o Govêrno seguia com todo o interêsse o raid.

Mesmo assim, era natural que nessa altura o Govêrno fizesse aquilo que sempre se tem feito, sem ser precisa a intervenção do Parlamento: era dar aos aviadores vencimento em ouro!

Apoiados:

Note-se, porém, ainda a diferença que existe entre o início dêste raid e o do co-